1.6.05

Democracia é passar a mão na bunda do Sarney

Como conceito de ciência política, a frase é antiga. Mas penso nela sempre que recebo meu contracheque, coisa que as gentes esquisitonas de São Paulo chamam de holerite. Pontualmente, nos dias 5 e 20, sou lembrado de que a essência de qualquer governo é ser uma farândola de filhos da puta vezados à mândria e à rapina.

Nem penso mais em sugerir que meus impostos se transformem em hospitar, iscola e puliça para mim e para todos os hipócritas, mes semblables, mes frères. Não. Quero, em vez disso, compensações mais divertidas. Por exemplo, o direito de encoxar Severino Cavalcanti. De dar uma patolada no Alckmin, um pescotapa no Palóffi. De quebrar um ovo na cabeça do Serra, da Marta, do Zé Dirceu, dos Garotinhos. De colar um cartaz do tipo "sou mongo, chute minha bunda" nas costas do senador Suplicy. De ver Aloizio Mercadante fazendo a dança da garrafa. Para esses senhores, não seria mais que aumentar em meio ponto percentual, ou nem isso, seus índices cotidianos de ridículo. E eu, vendo enfim meu dinheiro bem empregado, já me daria por satisfeito. (Ou não. Pensando bem, o cartaz nas costas do Suplicy é desnecessário.)