Como é antigo o passado recente
O cedê veio com uma propaganda dentro, "The Top 10 Must-Have CDs of Miles Davis". Para cada um desses dez discos, uma pequena resenha explicando por que você, ouvinte impressionável, tem que tê-los. A de "Bitches Brew", de 1969, diz o seguinte: "Farewell, once and for all, to wearing Brooks Brothers suits and playing 'My Funny Valentine'. Time for bell-bottom trousers and 'Miles Runs the Voodoo Down'". Como se isso fosse bom, diabos. Os discos de Miles Davis a partir da década de 70 ficaram tão démodés quanto as calças boca-de-sino e, em alguns casos, ridículos como velhas fotos de família com um parente seu usando as tais bell-bottom trousers (em geral, aquele seu tio que também usava costeletas e andava de Maverick. Você teve um tio assim, não negue). E o que ele gravou nos anos 50, tão indémodable como um bom terno da Brooks Brothers, poderia ter sido gravado ontem. Ou amanhã. Vamos, então, ouvir "My Funny Valentine", versão de 1956, e acender uma vela pelas numerosas vítimas do espírito do tempo.
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