Olha, a primeira vez que eu estive aqui foi pra me distrair: eu vim em busca do amor. O amor é um bichinho que rói, rói, rói. Ai, que vontade de gritar seu nome bem alto no infinito. Feiticeira é essa mulher que por ela gamei. Quem bate esquece, quem apanha lembra. Se te agarro com outro, te mato. Você vegetava, não vivia; por que agora você quer me abandonar? Não me abandone, por favor, pois sem você vou ficar louco -é o ciúme que está nos separando pouco a pouco. Quando eu for para a eternidade e meu sofrimento chegar ao fim, eu sei que nem mesmo você vai chorar por mim. Mas tudo passa, tudo passará.
29.1.03
HISTÓRIA CONCISA DA CULTURA POPULAR 2
Olha, a primeira vez que eu estive aqui foi pra me distrair: eu vim em busca do amor. O amor é um bichinho que rói, rói, rói. Ai, que vontade de gritar seu nome bem alto no infinito. Feiticeira é essa mulher que por ela gamei. Quem bate esquece, quem apanha lembra. Se te agarro com outro, te mato. Você vegetava, não vivia; por que agora você quer me abandonar? Não me abandone, por favor, pois sem você vou ficar louco -é o ciúme que está nos separando pouco a pouco. Quando eu for para a eternidade e meu sofrimento chegar ao fim, eu sei que nem mesmo você vai chorar por mim. Mas tudo passa, tudo passará.
Olha, a primeira vez que eu estive aqui foi pra me distrair: eu vim em busca do amor. O amor é um bichinho que rói, rói, rói. Ai, que vontade de gritar seu nome bem alto no infinito. Feiticeira é essa mulher que por ela gamei. Quem bate esquece, quem apanha lembra. Se te agarro com outro, te mato. Você vegetava, não vivia; por que agora você quer me abandonar? Não me abandone, por favor, pois sem você vou ficar louco -é o ciúme que está nos separando pouco a pouco. Quando eu for para a eternidade e meu sofrimento chegar ao fim, eu sei que nem mesmo você vai chorar por mim. Mas tudo passa, tudo passará.
28.1.03
KANT E HEIDEGGER FOR DUMMIES
Há tempos estou para recomendar a leitura de "Homem Comum Enfim", excelente livro de Anthony Burgess (lançado aqui pela Companhia das Letras) que deveria ser vendido como manual de instruções do "Ulysses", de James Joyce. Mas o Félix acaba de descobrir algo muito melhor: Ulysses for Dummies, um sensacional "resumo animado" que lhe permitirá impressionar mulheres-cabeça e fazer bonito no próximo Bloomsday. Pensei de imediato num "Grande Sertão: Veredas" for dummies -dá até para visualizar os bonequinhos de Riobaldo e Diadorim. Contudo, seria melhor ainda adaptar obras filosóficas a esse formato: finalmente as pessoas teriam saco de ler "Crítica da Razão Pura" ou "Ser e Tempo". Não sei bem como transformar o imperativo categórico ou o Dasein em bonequinhos, mas o resultado pode ser divertido.
Há tempos estou para recomendar a leitura de "Homem Comum Enfim", excelente livro de Anthony Burgess (lançado aqui pela Companhia das Letras) que deveria ser vendido como manual de instruções do "Ulysses", de James Joyce. Mas o Félix acaba de descobrir algo muito melhor: Ulysses for Dummies, um sensacional "resumo animado" que lhe permitirá impressionar mulheres-cabeça e fazer bonito no próximo Bloomsday. Pensei de imediato num "Grande Sertão: Veredas" for dummies -dá até para visualizar os bonequinhos de Riobaldo e Diadorim. Contudo, seria melhor ainda adaptar obras filosóficas a esse formato: finalmente as pessoas teriam saco de ler "Crítica da Razão Pura" ou "Ser e Tempo". Não sei bem como transformar o imperativo categórico ou o Dasein em bonequinhos, mas o resultado pode ser divertido.
27.1.03
A MALHAÇÃO DO JUDAS CONCRETINO
Vocês sabem: assim como o tarado de pijama gostava de malhar dom Hélder e doutor Alceu toda vez que estava sem assunto, eu também apelo para certas figuras cuja malhação resolve rapidamente a minha escassez de idéias. E, de uns tempos a esta parte, acho que o Haroldão já está ultrapassando Baiano Meloso e Arnaldo Picaretunes na lista dos meus judas favoritos. No Mais! da semana passada, o cara teve a manha de publicar um poema encomiástico ao novo presidente que falava, entre outras coisas, na "universidade da vida". Há uns dois anos, ele produziu um "poema político" em que o painel eletrônico do Senado (sic, sic) era comparado a "uma vestal estuprada pela espada do guardião que a vela". Bem, aí o povo quer saber: cadê o "make it new" do Pound nessa história? Desconfio de que, no fundo, Haroldão seja uma versão modernette do J.G. de Araújo Jorge.
Vocês sabem: assim como o tarado de pijama gostava de malhar dom Hélder e doutor Alceu toda vez que estava sem assunto, eu também apelo para certas figuras cuja malhação resolve rapidamente a minha escassez de idéias. E, de uns tempos a esta parte, acho que o Haroldão já está ultrapassando Baiano Meloso e Arnaldo Picaretunes na lista dos meus judas favoritos. No Mais! da semana passada, o cara teve a manha de publicar um poema encomiástico ao novo presidente que falava, entre outras coisas, na "universidade da vida". Há uns dois anos, ele produziu um "poema político" em que o painel eletrônico do Senado (sic, sic) era comparado a "uma vestal estuprada pela espada do guardião que a vela". Bem, aí o povo quer saber: cadê o "make it new" do Pound nessa história? Desconfio de que, no fundo, Haroldão seja uma versão modernette do J.G. de Araújo Jorge.
THE BEST OF BOTH WORLDS
Seria ótimo se alguém fizesse um "Qual É A Música" high brow. Algo assim: "Maestro Zezinho, sete notas para Pierre Boulez... qual é a música?" "'Prélude à L'Après-Midi d'un Faune', do Debussy." Mas o melhor seriam as aparições do Pablo. Imaginem só que lou-cu-ra o moço "dublando" a "Sagração da Primavera".
Seria ótimo se alguém fizesse um "Qual É A Música" high brow. Algo assim: "Maestro Zezinho, sete notas para Pierre Boulez... qual é a música?" "'Prélude à L'Après-Midi d'un Faune', do Debussy." Mas o melhor seriam as aparições do Pablo. Imaginem só que lou-cu-ra o moço "dublando" a "Sagração da Primavera".
24.1.03
Ó COUSAS, TODAS VÃS, TODAS MUDAVES
Quando criança, eu acreditava que o mundo fosse bom -um lugar em que Rose Di Primo deixava cair uma gota de iogurte Chambourcy entre seus seios e Perla nos convidava para uma viagem pelos rios da Babilônia no seu barco azul. Mas tudo isso desmoronou: Rose Di Primo virou evangélica, o iogurte Chambourcy não existe mais e Perla há muito tempo não fala de barcos, embora continue cantando "Recuerdos de Ypacaraí". Faz sentido: o mundo foi feito para acabar numa bela guarânia.
Quando criança, eu acreditava que o mundo fosse bom -um lugar em que Rose Di Primo deixava cair uma gota de iogurte Chambourcy entre seus seios e Perla nos convidava para uma viagem pelos rios da Babilônia no seu barco azul. Mas tudo isso desmoronou: Rose Di Primo virou evangélica, o iogurte Chambourcy não existe mais e Perla há muito tempo não fala de barcos, embora continue cantando "Recuerdos de Ypacaraí". Faz sentido: o mundo foi feito para acabar numa bela guarânia.
SUGESTÕES PARA UM MUNDO MAIS ALEGRE
1) Transformar o tal do Fórum Social Mundial num grande fódum, uma espécie de orgya dionysíaca e zé-célsica em que ninguém é de ninguém e todos sabem que o buraco da globalização é mais embaixo. Afe! 2) Fundar uma dissidência gay do movimento Armorial -desculpem: uma dissidência piroba, porque eles são nacionalistas-, liderada pelo dramaturgo Arriando Suassunga*. O nome pode ser uma coisa concreto-uranista, como Ah!rmorial. Seu objetivo será provar que nossa obsessão pela bunda tem raízes no medievo ibérico e demonstrar que a queimação de rosca é o destino manifesto do povo brasileiro. Teremos romances sobre a alegre vida de Zumbi com seus amiguinhos do quilombo, peças que revelarão o "outro lado" de Antônio Conselheiro, teses sobre o imaginário homossexobicha na construção dos bonecos de Olinda. (Pensando bem, se um ser como o Luiz Mott já existe, acho que tudo isso é desnecessário.)
* Créditos para Agamenon Mendes Pedreira.
1) Transformar o tal do Fórum Social Mundial num grande fódum, uma espécie de orgya dionysíaca e zé-célsica em que ninguém é de ninguém e todos sabem que o buraco da globalização é mais embaixo. Afe! 2) Fundar uma dissidência gay do movimento Armorial -desculpem: uma dissidência piroba, porque eles são nacionalistas-, liderada pelo dramaturgo Arriando Suassunga*. O nome pode ser uma coisa concreto-uranista, como Ah!rmorial. Seu objetivo será provar que nossa obsessão pela bunda tem raízes no medievo ibérico e demonstrar que a queimação de rosca é o destino manifesto do povo brasileiro. Teremos romances sobre a alegre vida de Zumbi com seus amiguinhos do quilombo, peças que revelarão o "outro lado" de Antônio Conselheiro, teses sobre o imaginário homossexobicha na construção dos bonecos de Olinda. (Pensando bem, se um ser como o Luiz Mott já existe, acho que tudo isso é desnecessário.)
* Créditos para Agamenon Mendes Pedreira.
GENIVAL, O FORROZEIRO ENGAJADO
Vocês já entraram no site de Genival Lacerda, a maior pança da serra da Borborema? Há um link para ele no meu panteão. Dêem uma olhada no pé da página inicial: ali se diz que os webmasters daquele sítio são Genival Filho e... Karl Marx! Com essas credenciais, não sei como não chamaram o Genival para cantar "Ela Deu o Rádio" lá no Fódum Social Mundial. Seria bem mais divertido -e poderia até rolar um bailinho, com todo mundo forrozando ao som de "segura o Chomsky, amarra o Chomsky".
Vocês já entraram no site de Genival Lacerda, a maior pança da serra da Borborema? Há um link para ele no meu panteão. Dêem uma olhada no pé da página inicial: ali se diz que os webmasters daquele sítio são Genival Filho e... Karl Marx! Com essas credenciais, não sei como não chamaram o Genival para cantar "Ela Deu o Rádio" lá no Fódum Social Mundial. Seria bem mais divertido -e poderia até rolar um bailinho, com todo mundo forrozando ao som de "segura o Chomsky, amarra o Chomsky".
22.1.03
PAULA TOLLER É MEU SUPEREGO
Eu precisava confessar: devo à cantora do QI de Abelha o pouquíssimo de civilização que me resta. Sempre que me sinto tentado a emitir opiniões excessivamente categóricas sobre cultura e/ou dar um tapa na orelha de quem diverge de mim, a vozinha desafinada da Paula emerge do fundo do meu cérebro e me relembra: "Eu sei de quase tudo um pouco e quase tudo maaaaal...". Em verdade vos digo: ai daqueles que não dão ouvidos à sua Paula Toller interior. Agora, cantem comigo: "Fazer amor co'a mãe do guarda, poró-poró-poropopó-pororó*...".
* Reprodução fonética do som do sax de George Israel, com toda aquela complexidade que mataria o John Coltrane de inveja.
Eu precisava confessar: devo à cantora do QI de Abelha o pouquíssimo de civilização que me resta. Sempre que me sinto tentado a emitir opiniões excessivamente categóricas sobre cultura e/ou dar um tapa na orelha de quem diverge de mim, a vozinha desafinada da Paula emerge do fundo do meu cérebro e me relembra: "Eu sei de quase tudo um pouco e quase tudo maaaaal...". Em verdade vos digo: ai daqueles que não dão ouvidos à sua Paula Toller interior. Agora, cantem comigo: "Fazer amor co'a mãe do guarda, poró-poró-poropopó-pororó*...".
* Reprodução fonética do som do sax de George Israel, com toda aquela complexidade que mataria o John Coltrane de inveja.
QUER SER O AGUINALDO SILVA?
Se você respondeu "sim" à pergunta do título, não lhe gabo o gosto, mas informo que isso já é possível. Daniela Abade, a editora do Mundo Perfeito, é gente que faz e conseguiu pôr no ar uma antiga idéia deste blog: o gerador de textos do Jorjamado. Agora, você vai poder escrever seu próprio romance desse festejado escritor baiano, o maior reprodutor (ooops) da fórmula realismo socialista + candomblé + sacanagem. De quebra, se você tiver fôlego para roteirizá-lo e espichá-lo por uns 250 capítulos, também poderá garantir sua vaga no seletíssimo time de novelistas da "Grobo". E viva a macumba-pra-turista!
Adendo: já ia me esquecendo. Confiram vocês mesmos que beleza ficou o meu texto do Jorjamado.
De Quando Iemanjá Novamente Escutou Lindaura
"A lavoura de cacau pedia trégua. A fazenda Olho d'Água já não agüentava mais tanta devastação e pedia clemência da vassoura de bruxa. Da mesma forma que a cidade inteira pedia alguma solução. Enquanto coronel Salustiano especulava na capital alguma forma lucrativa de negociar a venda da sua propriedade, Lindaura apelava para que Iemanjá mandasse embora aquela maldição. Com os homens sem dinheiro, ela e suas cabritas não tinham futuro. O atrevimento estava sendo substituido pelo desânimo. As carolas seriam as únicas felizes, porque só elas dão valor para a tristeza.
Até o paciente Fuad foi visto chutando um penico e gritando para a poeira que se levantava na frente da venda:
_Quem foi a quenga que roubou minha garrafa de licor de jenipapo?
O cabra tinha enlouquecido. Não havia mais o cheiro de bobó de camarão saindo das janelas. A praga extinguiu também a possibilidade de possuir salsinha nas despensas. Não havia lugar nem mais para o tesão. Foi assim até o dia em que viram Lindaura fornicar. Era o sinal. Sempre que Iemanjá a ouvia, isso se repetia. Dito e feito. Em um mês a praga abandonava a cidade, a fazenda Olho d'Água e os pesadelos de Lindaura, que -depois de ser ouvida-, resolveu toda a noite, em total atrevimento, dançar e exibir sua vagabunda bunda na frente da igreja, sem ligar para a oculta ameaça de uma peixeira."
Se você respondeu "sim" à pergunta do título, não lhe gabo o gosto, mas informo que isso já é possível. Daniela Abade, a editora do Mundo Perfeito, é gente que faz e conseguiu pôr no ar uma antiga idéia deste blog: o gerador de textos do Jorjamado. Agora, você vai poder escrever seu próprio romance desse festejado escritor baiano, o maior reprodutor (ooops) da fórmula realismo socialista + candomblé + sacanagem. De quebra, se você tiver fôlego para roteirizá-lo e espichá-lo por uns 250 capítulos, também poderá garantir sua vaga no seletíssimo time de novelistas da "Grobo". E viva a macumba-pra-turista!
Adendo: já ia me esquecendo. Confiram vocês mesmos que beleza ficou o meu texto do Jorjamado.
De Quando Iemanjá Novamente Escutou Lindaura
"A lavoura de cacau pedia trégua. A fazenda Olho d'Água já não agüentava mais tanta devastação e pedia clemência da vassoura de bruxa. Da mesma forma que a cidade inteira pedia alguma solução. Enquanto coronel Salustiano especulava na capital alguma forma lucrativa de negociar a venda da sua propriedade, Lindaura apelava para que Iemanjá mandasse embora aquela maldição. Com os homens sem dinheiro, ela e suas cabritas não tinham futuro. O atrevimento estava sendo substituido pelo desânimo. As carolas seriam as únicas felizes, porque só elas dão valor para a tristeza.
Até o paciente Fuad foi visto chutando um penico e gritando para a poeira que se levantava na frente da venda:
_Quem foi a quenga que roubou minha garrafa de licor de jenipapo?
O cabra tinha enlouquecido. Não havia mais o cheiro de bobó de camarão saindo das janelas. A praga extinguiu também a possibilidade de possuir salsinha nas despensas. Não havia lugar nem mais para o tesão. Foi assim até o dia em que viram Lindaura fornicar. Era o sinal. Sempre que Iemanjá a ouvia, isso se repetia. Dito e feito. Em um mês a praga abandonava a cidade, a fazenda Olho d'Água e os pesadelos de Lindaura, que -depois de ser ouvida-, resolveu toda a noite, em total atrevimento, dançar e exibir sua vagabunda bunda na frente da igreja, sem ligar para a oculta ameaça de uma peixeira."
UM NOME LOMBROSIANO
Ando falando demais dos acontecimentos, eu sei. Mas não consigo deixar de comentar a história do Silveirinha. Sejamos francos: como um sujeito cujo sobrenome já vem no diminutivo poderia evitar uma irresistível vocação para os negócios escusos? Nelson Rodrigues sabia que alguém que se chamasse Palhares ou Peixoto não poderia deixar de ser canalha, assim como um Gusmão teria de ser, inelutavelmente, corno. Um nome é um destino.
Ando falando demais dos acontecimentos, eu sei. Mas não consigo deixar de comentar a história do Silveirinha. Sejamos francos: como um sujeito cujo sobrenome já vem no diminutivo poderia evitar uma irresistível vocação para os negócios escusos? Nelson Rodrigues sabia que alguém que se chamasse Palhares ou Peixoto não poderia deixar de ser canalha, assim como um Gusmão teria de ser, inelutavelmente, corno. Um nome é um destino.
20.1.03
A CONCRETINICE DOMINA O MUNDO
O site da livraria Cortez informa: quem escreveu a Ilíada foi Haroldo de Campos (soube dessa pelo blog do Alexandre, o Ogden Nash dos trópicos. Vá lê-lo e pare de perder seu tempo por aqui). Em breve descobriremos que todos os versos erroneamente atribuídos a Arnaut Daniel, John Donne, Mallarmé e Walter Franco são criações do cérebro privilegiado do Haroldão. Outro dia, aliás, li a opinião de uma pateta que chamava de "maravilhas" certas coisinhas que o concretino incluiu na tradução do texto homérico, como "deus flechicerteiro". Críticos saquipuxadores só merecem meu desprezo vatomarnocúnico.
O site da livraria Cortez informa: quem escreveu a Ilíada foi Haroldo de Campos (soube dessa pelo blog do Alexandre, o Ogden Nash dos trópicos. Vá lê-lo e pare de perder seu tempo por aqui). Em breve descobriremos que todos os versos erroneamente atribuídos a Arnaut Daniel, John Donne, Mallarmé e Walter Franco são criações do cérebro privilegiado do Haroldão. Outro dia, aliás, li a opinião de uma pateta que chamava de "maravilhas" certas coisinhas que o concretino incluiu na tradução do texto homérico, como "deus flechicerteiro". Críticos saquipuxadores só merecem meu desprezo vatomarnocúnico.
17.1.03
NOTAS ALEATÓRIAS SOBRE ASSUNTOS DESINTERESSANTES
1) Meu caro Paulo Polzonoff já comentou essa história do painel de Siron Franco, com 503 cabeças de brasileiros inteligentes. Eu diria que isso não tem nada a ver com o Brasil: um painel realmente representativo da nossa personalidade teria de exibir 503 bundas inteligentes. Se Rita Cadillac e Gretchen estivessem incluídas, a obra teria meu apoio irrestrito. 2) Conselho pinçado de um daqueles livros com dicas para quem quer fazer carreira em empresas: "Não entre na sala do chefe com uma ou mais mãos no bolso". Oportunidade para o primeiro trocadilho cretino do ano: isso é que é uma obra escrita para o polvo, hahaha.
1) Meu caro Paulo Polzonoff já comentou essa história do painel de Siron Franco, com 503 cabeças de brasileiros inteligentes. Eu diria que isso não tem nada a ver com o Brasil: um painel realmente representativo da nossa personalidade teria de exibir 503 bundas inteligentes. Se Rita Cadillac e Gretchen estivessem incluídas, a obra teria meu apoio irrestrito. 2) Conselho pinçado de um daqueles livros com dicas para quem quer fazer carreira em empresas: "Não entre na sala do chefe com uma ou mais mãos no bolso". Oportunidade para o primeiro trocadilho cretino do ano: isso é que é uma obra escrita para o polvo, hahaha.
MODERNIDADE & CONCISÃO
Quero dizer duas coisinhas filosóficas a vocês, meninos: 1) Modernidade não é um conceito cronológico. João Sebastião, por exemplo, é muitíssimo mais moderno que todos esses imbecis incapazes de ir além dos dois ou três acordes. 2) Concisão não tem nada a ver com extensão. A "Odisséia", com tudo o que narra, é uma obra concisa; por sua vez, 99,9% dos haicais feitos pelos poetas brasileiros têm três versos sobrando. Tá certo ou não tá?
Quero dizer duas coisinhas filosóficas a vocês, meninos: 1) Modernidade não é um conceito cronológico. João Sebastião, por exemplo, é muitíssimo mais moderno que todos esses imbecis incapazes de ir além dos dois ou três acordes. 2) Concisão não tem nada a ver com extensão. A "Odisséia", com tudo o que narra, é uma obra concisa; por sua vez, 99,9% dos haicais feitos pelos poetas brasileiros têm três versos sobrando. Tá certo ou não tá?
MUDANÇA DE PAISAGEM
A pedidos, troquei o João Plenário (personagem interpretado pelo ator Saulo Laranjeira naquele non plus ultra da goiabice humorística, "A Praça É Nossa") por uma foto da jovem Elizabeth Taylor com colo & ombros à mostra, do final da década de 50. Ninguém negará que se trata de um progresso -e, ora, eu também estava precisando de algo bonito para contemplar hoje.
A pedidos, troquei o João Plenário (personagem interpretado pelo ator Saulo Laranjeira naquele non plus ultra da goiabice humorística, "A Praça É Nossa") por uma foto da jovem Elizabeth Taylor com colo & ombros à mostra, do final da década de 50. Ninguém negará que se trata de um progresso -e, ora, eu também estava precisando de algo bonito para contemplar hoje.
16.1.03
MOMENTO COSTINHA
Um sujeito conseguiu equilibrar, durante toda a vida, suas ações, num perfeito empate entre as boas e as más. Ao morrer, foi-lhe dado escolher se queria ir para o céu ou para o inferno. Antes de optar, o sujeito achou por bem fazer uma pesquisa* para saber exatamente como era cada lugar. Ouviu o seguinte de algumas almas: "Olhe, o céu é aquela placidez, aquela tranqüilidade, túnicas esvoaçantes, música erudita, querubins tocando harpa etc. Já o inferno tem carro, cerveja e mulher à vontade". Sem hesitar, o rapaz dirigiu-se ao inferno -e constatou que o que ouvira era verdade. Só que todos os carros eram da Lada, toda a cerveja era Malt 90 e todas as mulheres eram psicólogas**.
* Nada a ver com as pesquisas feitas pelo Pete Townshend.
** Final permutável. Pode ser substituído por "sociólogas", "pedagogas", "cantoras de MPB" etc., ao gosto do freguês.
Um sujeito conseguiu equilibrar, durante toda a vida, suas ações, num perfeito empate entre as boas e as más. Ao morrer, foi-lhe dado escolher se queria ir para o céu ou para o inferno. Antes de optar, o sujeito achou por bem fazer uma pesquisa* para saber exatamente como era cada lugar. Ouviu o seguinte de algumas almas: "Olhe, o céu é aquela placidez, aquela tranqüilidade, túnicas esvoaçantes, música erudita, querubins tocando harpa etc. Já o inferno tem carro, cerveja e mulher à vontade". Sem hesitar, o rapaz dirigiu-se ao inferno -e constatou que o que ouvira era verdade. Só que todos os carros eram da Lada, toda a cerveja era Malt 90 e todas as mulheres eram psicólogas**.
* Nada a ver com as pesquisas feitas pelo Pete Townshend.
** Final permutável. Pode ser substituído por "sociólogas", "pedagogas", "cantoras de MPB" etc., ao gosto do freguês.
ONDE ESTÁ WALLY SALOMÃO?
Resposta: na Secretaria do Livro e da Leitura, submetendo diariamente seus assessores a uma chuva de cuspe enquanto declama a plenos pulmões as letras que escreveu para a Adriana Gafanhotto. Nada surpreendente num país em que a dita contracultura é o establishment. Mas há uma falha grave nesse novo governo -não ter criado a Secretaria Especial do Piti, com status de ministério, especialmente para ser ocupada pelo Baiano Meloso. Nosso herói seria incumbido de ter um faniquito a cada vez que o governo fosse atacado, chamar os oposicionistas de "canalhas" etc. Seria, no mínimo, um porta-voz bem mais divertido e muitíssimo mais féchom que o André Singer.
Resposta: na Secretaria do Livro e da Leitura, submetendo diariamente seus assessores a uma chuva de cuspe enquanto declama a plenos pulmões as letras que escreveu para a Adriana Gafanhotto. Nada surpreendente num país em que a dita contracultura é o establishment. Mas há uma falha grave nesse novo governo -não ter criado a Secretaria Especial do Piti, com status de ministério, especialmente para ser ocupada pelo Baiano Meloso. Nosso herói seria incumbido de ter um faniquito a cada vez que o governo fosse atacado, chamar os oposicionistas de "canalhas" etc. Seria, no mínimo, um porta-voz bem mais divertido e muitíssimo mais féchom que o André Singer.
MEU CACHORRO ME SORRIU LATINDO
Feliz Ano Novo já quase velho, pessoal. Vocês pensavam que estavam livres de mim, né? Nada disso. Não tenho nada a dizer, mas sigo o exemplo do nosso querido presidente. Ele, que vai visitar les misérables sem levar um único pacote de bolacha Maria com validade vencida, sabe que sua simples presença -registrada pelos fotógrafos- é muito mais alimentícia. Faço o mesmo aqui com vocês, famintos da internet: meus posts têm tanto conteúdo quanto um pastel de vento, mas meu carisma dá (ooops) e sobra para encher suas barrigas. Bem-vindos de volta.
Feliz Ano Novo já quase velho, pessoal. Vocês pensavam que estavam livres de mim, né? Nada disso. Não tenho nada a dizer, mas sigo o exemplo do nosso querido presidente. Ele, que vai visitar les misérables sem levar um único pacote de bolacha Maria com validade vencida, sabe que sua simples presença -registrada pelos fotógrafos- é muito mais alimentícia. Faço o mesmo aqui com vocês, famintos da internet: meus posts têm tanto conteúdo quanto um pastel de vento, mas meu carisma dá (ooops) e sobra para encher suas barrigas. Bem-vindos de volta.