30.4.02

BREGA'S BANQUET 39

Índia, seus cabelos nos ombros caídos
Negros como a noite que não tem luar
Seus lábios de rosa para mim sorrindo
E a doce meiguice desse seu olhar
Índia da pele morena
Sua boca pequena eu quero beijar
Índia, sangue tupi, tem o cheiro da flor
Vem que eu quero lhe dar todo o meu grande amor...


Deus e o mundo já gravaram "Índia", obra-prima da música paraguaia -da neotropicalista Gal Costa ao neominimalista Tiririca (cuja "versão" consiste apenas no trecho "índia, seus cabelos" repetido até as gônadas do ouvinte explodirem).

Mas é claro que minha versão preferida é a da Perla, musa deste blog, para quem a letra parece ter sido feita sob medida. Dêem uma olhada na bizarra capa reproduzida abaixo -de um compacto do início dos anos 80- e vejam se não é verdade.

NA VOLTA A GENTE VOLTA

Bem, amigos do puragoiaba, desculpem de novo pela desaparição e por esse início de post à la Goiabão Bueno. Fui comprar cigarro Derby, o estoura-peito mais eficaz do Ocidente -mas, no meio do caminho, me dei conta de que não fumava. Resolvi, então, reabastecer minha geladeira de guaraná Jesus, aquele líquido cor-de-rosa cuja degustação provoca exclamações como "Jesus!" e outras menos cristãs (e que também devia vir com aqueles avisos horripilantes do Ministério da Saúde). Só consegui algumas garrafas lá em Imperatriz. Demorou, mas valeu a pena.

26.4.02

LE TEMPS RETROUVÉ

Enfim, tenho em mãos os sete livros que compõem "Em Busca do Tempo Perdido", do Proust. Embora eu saiba francês, nunca me senti seguro para encarar a obra no original; e, misteriosamente, jamais consegui encontrar todos os livros daquela versão lançada pela editora Globo, com traduções de bambambãs (Drummond, Bandeira, Quintana). Sempre faltavam alguns.

A Ediouro -sim, senhores: eles têm investido em edições um pouquinho mais sofisticadas- resolveu relançar uma tradução mais recente, de Fernando Py, em três volumes, acondicionados numa caixa lilás (num estilo gay-impressionista que talvez não desagradasse ao próprio Proust). Vou ler e depois eu digo se vocês podem investir seus caraminguás sem medo.

(Ah, você clicou no link e achou o trocadilho horrível? Ora, que falta de imaginação. A "busca do tempo perdido" também pode ser provocada por uma derrapada ou um pit stop malfeito.)
CAMINHO SUAVE

E, já que falamos de silvícolas, assumo que minha percepção aritmética é semelhante à de certas tribos: um, dois, três, quatro e "muitos". Basta passar de quatro que eu me embanano. Exemplo? Só agora notei que, nos posts aí embaixo, há dois "grandes versos do cancioneiro popular 12". Claro que já resolvi o problema: o último ficou sendo 12-B. E não se fala mais nisso.
O TEMPORA, O MORES!

Pois é, gente. Antigamente, Gonçalves Dias escrevia um poema sobre um índio que, prisioneiro de inimigos, chorava -e era, por isso, amaldiçoado pelo pai por não ter sido macho o suficiente. Hoje, o pajé pirobo vai fazer plástica com o Pitanguy e ninguém diz um A; mais um pouco e a indiada adere à lipo e às injeções de Botox. O "bom selvagem" não é mais aquele, né não, Rousseau?
NOVOS ACRÉSCIMOS AO TOLICIONÁRIO

Outro clichê que deveria ser banido do jornalismo: sempre que se publica uma biografia sobre alguma celebridade, alguém diz que ela "desvenda o ser humano por trás do mito". Ora, come on. Pra mim, "ser humano por trás do mito" é o lorde Alfred Douglas, vulgo "Bosie", dando uma boa carcada no Oscar Wilde.

24.4.02

GOIABA NATIONAL GALLERY

Tá bom, chega de "name dropping". Vou retomar as atividades da minha galeria: como uma espécie de Sebastião Salgado, exponho em minhas fotos a miséria estética daqui e d'além mar. Eis um retrato do nosso herói Roberto Leal a tocar a concertina, a dançar o sol-e-dó e com o bacalhau escondido sabe-se lá onde. Ginásio da Portuguesa, festa dos Leões da Fabulosa, 1997.

AFINIDADES ELETIVAS 2

É claro que nem sempre dá para fazer essa escolha do tipo "par-ou-ímpar". Na pintura, por exemplo: sou fã da geometria do Mondrian, mas reconheço que minha vida tem muito mais semelhanças com a "action painting" do Jackson Pollock (boa oportunidade para lembrar uma piadinha antiga e atribuída ao Millôr: ligaram para a polícia dizendo que vândalos haviam pichado um quadro do Pollock, só que os policiais não conseguiam distinguir a pichação da pintura...). Assim, fico com os dois.

Do mesmo modo, jamais escolherei entre Agnaldo Timóteo e Odair José. Ambos são itens de cesta básica, tão indispensáveis quanto feijão e farinha. E tenho dito.
AFINIDADES ELETIVAS

Entre Truffaut e Godard, fico com Truffaut. Entre Pound e Eliot, fecho com Eliot (embora eu goste dos poemas curtos do primeiro). Entre Sartre e Camus, o segundo, sem a menor dúvida ("a filosofia pode servir para tudo, até para transformar assassinos em juízes"). Brahms contra Wagner? Voto no alemão barbudo, mesmo com o prelúdio de "Tristão e Isolda" do outro lado.

Mais difícil é escolher entre Ray Conniff e Liberace, mas acho que fico com o Ray. Liberace é flamboyant demais até para mim.

23.4.02

P.S. DAS CAPAS BIZARRAS

Sim, fiquei com vontade de escrever "do balacobaco", "da paróquia" e "prafrentex". E aí, vão encarar? Eventuais queixas serão retribuídas com posts cheios de "homessa!", "com a breca", "outrossim" e "nenhures". Não digam que eu não avisei.
MAIS CAPAS BIZARRAS

Esta capa aqui, surrupiada (mais uma vez) do site "Show and Tell Music", serve para matar minhas saudades do canal Ritmoson. Nunca ouvi Pepe Luis and his Orchestra, mas, a julgar pelos "chicos" da foto, deve ser do balacobaco.

Cucarachas de todo o mundo, uni-vos!

GRANDES VERSOS DO CANCIONEIRO POPULAR 12-B

"Coisas de magia, sei lá."

É, eu sei que os trifrutas Kleiton & Kledir foram citados aqui faz pouco. Mas vocês hão de convir comigo que os rapazes são genialmente caras-de-pau. Imagino que, ao compor "Deu pra Ti", o primeiro K tenha dito ao segundo, ou vice-versa: "Ah, tô sem saco de completar essa letra. Mete um 'sei lá' aí e pronto".

Coisas de gaúcho, sei lá.

22.4.02

BEFORE YOU ACCUSE ME

Gente, juro que eu não tive nada a ver com isso. Não moro no Sacomã e não planejei nenhuma performance desse tipo. Mas, por via das dúvidas, só darei novas declarações em juízo.
SURREALISMO À LUSITANA

O blog Rancho do Espantalho prestou um serviço inestimável à cultura trash luso-brasileira. Ele mencionou uma obra-prima de Roberto Leal que eu imaginava perdida no tempo: "Dez Portugueses sem Jeito e um Bacalhau na Sacola", gravada em meados da década de 70. Conta a história de imigrantes que para cá vieram com "um bacalhau na sacola e fé no coração".

Você está chocado? Ah, mas podia ser pior. Por exemplo: o coração na sacola e fé no bacalhau. Um coração de bacalhau e fé na sacola. Dez portugueses na sacola e um bacalhau sem jeito. Sei lá, acho que o cara misturou LSD com bagaceira e deu nisso.
SÓ PARA CONSTAR

O livro do Picaretunes que mencionei num dos posts abaixo chama-se, ao que parece, "Palavra Desordem". Se você gosta de poesia e tem mais de dois neurônios ativos (características que nem sempre coexistem), fuja dele como o Arrenegado da cruz.
QUE FALTA DE SENSIBILIDADE...

Vocês, hein? Não recebi uma só mensagem em que alguém se compadecesse do deplorável destino do boneco Brasilino (a rima é tão pobre quanto adequada ao assunto). Ninguém mais sabe o que é solidariedade neste país. Francamente...
CANÇÃO DO FOGO-FÁTUO

Lo mismo que er fuego fatuo,
Lo mismito es er queré.
Le juyes y te persigue,
Le yamas y echa a corré.
Malhaya los ojos negros
Que le alcanzaron a ver!
Malhaya el corazón triste
Que en su llama quiso ardé!
Lo mismo que er fuego fatuo
Se desvanece er queré.


Sim, estou romanticozinho hoje. E daí?

Essa é a letra de "Canción del Fuego Fatuo". Ela faz parte da suíte que o espanhol Manuel de Falla escreveu para o balé "El Amor Brujo" (1915), com letra de Martínez Sierra. Caso vocês não saibam, eu tenho um fraco por espanholices desse tipo -e essa música, muito bonita, foi regravada (como instrumental) por Miles Davis em seu "Sketches of Spain". Presumo que o espanhol "errado" da letra busque reproduzir a fala dos ciganos, mas não tenho certeza disso. Se você é hispanófilo, peço que releve a falta de "principios de admiración" no meu teclado.

20.4.02

MACHA-FÊMEO ATACA NOVAMENTE

Senhores, Arnaldo Picaretunes (copyright PMD) expeliu mais um livro de poemas. Não me lembro do nome da nova obra-prima, mas já pude manuseá-la. Vejam que vanguardista: é possível lê-la de trás para a frente, da frente para trás, saltado, de ponta-cabeça (você ou o livro, não importa). Também é possível não lê-la: o impacto poético é ainda maior. Mas bom mesmo é forrar a gaiola do canário com as páginas: temos, então, uma obra de arte com a intervenção criativa do público.

Esse Arnaldo é mesmo um gênio da raça.
SEPARADOS NO NASCIMENTO

Quando é que alguém vai perceber que o Pedro Almodóvar não passa de uma versão em espanhol do Léo Jaime?
RÁDIO GOIABA 5

Trilha sonora da noite: peças para piano do Erik Satie. Não parece, mas há uma goiabice implícita: tenho quase certeza de que a primeira das três "Gnossiennes" ganhou letra e já foi cantada pelo Charles Aznavour. Por favor, atirem no pianista.

18.4.02

WANTED DEAD OR ALIVE 3

Alguém aí sabe por onde anda o Brasilino? Sim, aquele boneco medonhamente cafona que era oferecido como brinde a quem comprasse na Fábrica de Móveis Brasil, tá? Nunca mais Raul Gil, esse grande vulto da goiabice nacional, citou o bonequinho infeliz em seu programa. Encontrei uma solitária menção a ele no blog da Paula Carvalho, o "Histórias, Estórias e Afins" (cá entre nós, Paula, isso entrega a nossa idade, não?). A busca por "Fábrica de Móveis Brasil" no Google também não dá maiores pistas, embora liste queixas contra a empresa feitas no Procon.

O que terá acontecido ao Brasilino? Será que ele ficou revoltado com a perda de sua notoriedade? Virou um boneco "dimenor" e delinqüente? Está traficando crack? Planeja se inscrever no show de calouros do Raul apenas para fazer o apresentador de refém e transmitir seu drama, via Embratel, para todo o Brasil? Enviem cartas para a redação -desculpem: mensagens para o goiabamail.
BREGA'S BANQUET 38

Tudo era apenas uma brincadeira
E foi crescendo, crescendo, me absorvendo
E de repente eu me vi assim, completamente seu
Vi a minha força amarrada no seu passo
Vi que sem você não tem caminho, eu não me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim
Como eu sonhei um dia...


Essa é a obra-prima do barbudinho sensível Peninha. Seu poder brega permitiu que ela sobrevivesse a uma interpretação do Baiano Meloso, à sua qualificação como "Melô da Bronha" (devido aos dois latejantes versos do início) e, sobretudo, à fúria dos amantes rejeitados que erram sua letra no karaokê ("mas não tem revolta, não, eu só quero que você se foda...").

17.4.02

NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA GRALHA

Que pena. Finalmente pus as mãos na edição da "Poesia Completa" do Drummond que a editora Nova Aguilar relançou faz pouco. É um livro nos moldes daquelas edições de luxo da "Bibliothèque de la Pléiade": papel-bíblia, assinatura do autor em letras douradas sobre a capa verde-escura e outras mumunhas mais. O catatau tem umas 1.600 páginas, e seu preço não é o que se pode chamar de "popular" (por volta de R$ 170).

Aí você folheia essa "bela viola" e se depara com uma porção de gralhas (erros tipográficos). É um "mas" que vira "ams" aqui, uma vírgula no lugar de uma letra M ali -e, sobretudo, a transformação de "volúvel" em "solúvel" no melhor poema do Drummond (na minha modestíssima opinião), "A Máquina do Mundo". Bom, pode ser que o próprio poeta tenha mudado o verso. Mas, se foi isso, o livro não dá nenhuma indicação.

Outro problema, pelo menos para mim: a "fortuna crítica" que antecede os poemas traz uma série de pedacinhos de artigos sobre o Drummond. É isso mesmo: pedacinhos, bem picados. Uma migalha do Alfredo Bosi, um naco do José Guilherme Merquior, uma fatia do Haroldo de Campos. Que diabo! Custava muito ter feito a obra em dois volumes para publicar os textos completos? Se custava, por que não suprimir os "pedaços" e ficar só com a (boa) introdução do Silviano Santiago?

É uma pena que um livro desses, caro como é e feito para comemorar o centenário de nascimento do itabirano esquivo, tenha sido editado de um modo bem mais descuidado que as antologias anteriores, de apresentação simples. De todo modo, se você estiver abonado e gostar muito do Drumão, não resista a adquiri-lo. Eu não resisti -e, apesar de tudo, não me arrependo.
RÁDIO GOIABA 4

Trilha sonora do dia, para compensar a goiabice das anteriores: quartetos de cordas. Haydn, o pai da matéria (escute o opus 76, número 4, "Aurora": você pode achar que o mundo é bom e a felicidade até existe). Schubert e seu "Rosamunde", belíssimo. Por fim, Beethoven, o gênio cabeludo -Reginaldo Rossi dixit. Seus últimos quartetos foram também seus últimos opus; Ludwig Van já não ouvia coisíssima nenhuma quando os compôs. Por isso mesmo, não deu muita bola para as consonâncias.

Vá ouvi-los, em vez de ficar lendo estas bobagens blogueiras.

16.4.02

GRANDES VERSOS DO CANCIONEIRO POPULAR 12

"É um milagre tudo o que Deus criou pensando em você
Fez a Via Láctea, fez os dinossauros..."

Já citei o DJ Avan aqui, mas é impossível não mencionar esses versos lapidares ("Eu Te Devoro"). Quem chamou a minha atenção para eles foi o leitor Marcio Antonio Campos, que pergunta: "Você conhece alguma mulher neste mundo que se sentiria lisonjeada ao ouvir que Deus estava pensando nela quando criou aqueles répteis enrugados?"

Não conheço, não, Marcio. Leitora do puragoiaba, por favor, envie um e-mail com alguma explicação. A não ser que você ache mesmo bonito ser associada a um estegossauro.
RÁDIO GOIABA 3

Trilha sonora do dia: "F... Comme Femme" -em português, "F de Mulher"-, com o pirobo francês Adamo (pronuncia-se adamô). Nunca vi o cara cantando, mas acho que, ao gravar esse troço, ele usava cabelinho Chanel e punhos de renda, desmunhecando e revirando os olhos alternadamente a cada compasso.

Há uma versão não-fruta (se é que isso é possível), mas satisfatoriamente cafona, com o pouca-telha Monsieur Gilbert.

MAIS PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR

* De quem o Pedro é parente?

* O que o Eduardo José fará?

* E, aproveitando o horrendo trocadilho do post anterior, para quem o Conde d'Eu?

15.4.02

O CONDE D'EU?

E, já que falamos de Ary Toledo e seu humor elegante, informo aos leitores cinéfilos deste blog que o próximo episódio de "Star Wars" (chama-se "O Ataque dos Clones", mas dizem que o Juca de Oliveira não tem nada a ver com isso) inclui um personagem chamado Conde Dooku, interpretado pelo Christopher Lee. Deve haver algum brasileiro sacana dando assessoria ao George Lucas. Talvez o próprio Ary, quem sabe?
UNGARETTI COM A CORDA TODA

Vocês acreditam que o Mais!, aquele caderno-cabeça da Folha, também teve seu dia de puragoiaba? Pois é -pena que eu não possa reproduzir a capa da edição em questão. Ela saiu há uns três anos, talvez quatro. A foto principal mostrava o poeta italiano Giuseppe Ungaretti durante uma visita à casa do Jorge Amado, em Salvador, no final dos anos 60.

E quem aparecia ao lado dos dois escritores? Ary Toledo! Ele mesmo, o homem das sessenta mil piadas, o sujeito que ficou 200 anos "com a corda toda" lá no Teatro Záccaro. Só não pude apurar se ele contou a piada do gato ensopado ao Ungaretti.
RÁDIO GOIABA 2

Trilha sonora do dia: "Boulevard of Broken Dreams", presumivelmente a coisa mais cafona gravada pelo Tony Bennett. Claro que isso se deve ao toque (retal) do arranjador, ninguém menos que um dos deuses deste blog: Ray Conniff.

Para dançar com o rodo da sua área de serviço durante a audição -e tropeçar, é claro, no pano molhado.

13.4.02

PEDAÇO DE MAU CAMINHO

Vocês vêem o que é a falta de tempo e de assunto: eu acabo fazendo mais e mais posts sobre os "acontecimentos". Apesar disso, fico feliz em saber que este bloguinho está levando gente boa pelo mau caminho. A Leonora está ouvindo tangos na voz do Nelson Gonçalves. Por sua vez, o Zeitgeist se comoveu ao descobrir que Agnaldo Timóteo é roquenrol.

Zeit, eu digo mais: se os Animals tivessem ouvido "A Casa do Sol Nascente", teriam dado um pé na bunda do Eric Burdon e chamado o herói deste blog para os vocais -mudando, assim, a história da música popular no Ocidente. Animal por animal, quem há de negar que o Timóteo é mais?

12.4.02

LÁ VAI O CHÁVEZ, CHÁVEZ, CHÁVEZ

Estão dizendo que Hugo Chávez foi ou será defenestrado do governo da Venezuela. Já não era sem tempo. Ele era mais divertido quando fazia dupla com seu Madruga.

Atualização, 13/4: O amigo do seu Madruga foi defenestrado mesmo. Quem se senta no trono agora é uma espécie de presidente da Fiesp venezuelana. Parece que, lá, eles resolveram dispensar os intermediários.

Atualização 2, 15/4: Caracas! O Chávez, Chávez, Chávez (pelo menos por enquanto) está de volta. Acho que os venezuelanos querem roubar da gente o título de campeões mundiais da presepada. Vou transferir o puragoiaba para lá.

11.4.02

HARD TIMES

Bem, amigos do puragoiaba, desculpem pelo sumiço. A vida é dura (ou "a vida é Drury's", o que a torna ainda pior, graças à péssima qualidade do trocadilho e do uísque). É preciso, como dizia o Nelson Rodrigues, ganhar dinheiro para o leite do caçula e o sapato da mulher; pouco importa que eu não tenha mulher nem filhos. De todo modo, voltaremos em breve, com todas as emoções da bananada de goiaba para vocês.

E chega de escrever como o Galvão Bueno. A gente fica se fazendo de imbecil e depois não consegue voltar.

9.4.02

DISQUE M PARA PEDRINHO MATTAR

Quando eu largar esta vidinha blogueira, quero ser fiel ao meu destino manifesto e abrir um piano-bar. Casaca de lamê vermelha, amendoinzinho com uísque Bell's (aquele que faz sinos badalarem na sua cabeça), fumaça de cigarro. "New York, New York" e o tema de "Love Story" executados -esse é o termo- toda noite, a pedido de clientes manguaceiros, porém românticos. Quem sabe um dia eu também tenha um programa na Rede Vida. Sou um homem-goiaba, mas com altíssimas ambições.
GRANDES VERSOS DO CANCIONEIRO POPULAR 11

"Não quero ficar na tua vida
Como uma paixão mal resolvida
Dessas que a gente tem ciúme e se encharca de perfume
Faz que tenta se mataaaaaar..."

Não tem pra ninguém. Nem Marc Almond, Erasure, Pet Shop Boys e Byafra, juntos (ui!), conseguiriam compor algo tão gay quanto "Paixão", da duplinha Kleiton & Kledir. Essa música tem dois versos ("depois do terceiro ou quarto copo/ tudo que vier eu topo...") que, para mim, são a perfeita tradução daquela pérola da sabedoria popular: brioco de bêbado não tem dono.
A BELEZA NÃO É PARA O NOSSO BICO (3)

Ay, in the very temple of Delight
Veil'd Melancholy has her sovran shrine,
Though seen of none but him whose strenuous tongue
Can burst Joy's grape against his palate fine.


Eis um trecho de John Keats, para começar o dia e tentar equilibrar a balança deste blog. Sinto, mas vai sem tradução, porque estou sem paciência. Se você entendeu a parte que fala em estourar o fruto da alegria contra o céu da boca, já está ótimo.

8.4.02

RÁDIO GOIABA

Trilha sonora do dia: "Fata Morgana", com os alemães terceiro-mundistas do trio Dissidenten. É, aquela que foi trilha de novela. Só estou tocando essa versão porque não encontrei a do pirobo d'além-mar Roberto Leal ("Mas acho que ela só quer bailar/ Não acho que quer me amar/ Filha de Alá, vou te buscar...").
WANTED DEAD OR ALIVE 2

E o Barros de Alencar, hein? Eis outro expoente da cultura trash brasileira que desapareceu (felizmente, dirão vocês). Na última vez em que esse apresentador teve um programa na TV, ele consistia basicamente em um infinito e insuportável concurso de imitadores do Michael Jackson -dezenas de imbecis com luvinhas brancas tentando dublar "Thriller".

Não é para me gabar, mas eu tenho duas músicas com o Barros de Alencar. Uma delas, discretamente cafona (por incrível que pareça), é uma versão em português do bolero "Los Hombres No Deben Llorar". Mas a outra é um chute nas gônadas: "Apenas Três Minutos", em cuja letra um amante desesperado (e com uma única ficha telefônica) tenta convencer a amada a retornar. Não obstante o título, a música dura quatro minutos e vinte segundos -e sua audição é penosamente longa. Pois é, deveriam ter cortado a ligação ainda antes.

7.4.02

O FINO DO BREGA

Eu sei que qualquer referência a Clodovil Hernandez é um convite ao trash. Mas o que foi aquilo que eu vi no "talk show" do nosso estilista uranista, uma noite dessas?

Enquanto os convidados do programa jantam ao som de um piano -não pude averiguar se o pianista ainda é o "Maaarcos!"-, aparecem duas moças mascaradas, de chapéu, luvas negras até os cotovelos, anéis enormes (sim, por cima das luvas) -e peladas. Isto é, seminuas: algo, que não sei se é um aventalzinho ou um arranjo de flores artificiais, cobre as respectivas xoxetas. As donzelas exibem os seios e, quando se viram, a bunda. Circulam em torno da mesa e tocam os ombros dos convidados -os quais se mantêm concentrados no jantar, impassíveis.

Não sei se a idéia foi fazer uma mistura de Buñuel com Walter Hugo Khouri ou atingir, ao mesmo tempo, o "non plus ultra" do ridículo e da bichice. Seja o que for, Clodovil conseguiu. Poderosa!
A FORÇA DO CONTRA-EXEMPLO

Você participaria de um curso de canto lírico ministrado pelo Bob Dylan? Ainda mais pagando -e caro- por isso? Presumo que não. Então me explique por que, no Brasil, donos de spas de sucesso são incrivelmente gordos e proprietárias de clínicas de estética são capazes de fazer até são Jorge hesitar em encará-las.

Não deve haver explicação fácil, eu sei. Portanto, resta tirar proveito da goiabice reinante. Eu, por exemplo, vou enriquecer com minhas dicas de moda, cultura e boas maneiras. Chinela Rider e caneta atrás da orelha serão féchom, assim como tirar sujeirinha do umbigo em público. E cavalgaduras endinheiradas pagarão caro, em todos os sentidos, pelos meus ensinamentos.

Burrice é um recurso natural abundante e renovável; é preciso que alguém construa uma Itaipu para aproveitá-lo.


5.4.02

O PARAÍSO DAS CAPAS BIZARRAS

A Dominique, fundadora e proprietária do Stripped, me mandou já há algum tempo uma dica preciosa: o site Show and Tell Music, com uma sensacional coleção de capas de disco bizarras (na maioria norte-americanas, pelo que posso depreender).

Para que todos vocês tenham um fim de semana alegre e saltitante, deixo aqui esta capa deliciosamente ridícula. Afinal, o puragoiaba também é um "happy blog for happy people", embora seu dono seja, como diz o Yahoo!, um mal-humorado profissional.


DIÁLOGOS IMPERTINENTES

Aqui em São Paulo, há um evento com esse nome -promovido, se não me engano, pelo Sesc e pela PUC-, que é transmitido pela TV a cabo. Os organizadores convidam, a cada programa, uma dupla de seres iluminados (filósofos, ociólogos, pepsicólogos etc.) para discutir assuntos geralmente estratosféricos. Eu acho que os debates seriam muito mais interessantes se eles chamassem interlocutores realmente impertinentes. Seguem sugestões:

* Milton Neves e Roberto Avallone: "Avallone, você é medíocre!" "O quê? Eu sou medíocre, interrogação? Medíocre é a senhora sua mãe, exclamação!"

* Luiz Mott e Jorge Lafond: "Calminha, Vera Verão! Você está nervosa!" "Você é uma bicha gooorda, escrooota! Se eu estivesse aí, quebrava a sua cara!" (A troca de gentilezas era por telefone.)

* Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes: "As sílabas servem para batucar, Brown?" "Sim, Arnaldo. Para batu-educar, para batu-alimentar, para baco-vinhar, para basco-escoar e para basquear-pintar."

(Nota do Ruy: os principais trechos desses diálogos não são ficcionais. Está cada vez mais difícil competir com a goiabice do dito mundo real. Ai ai ai de mim, como diria o João Bosco.)
FERREIRA, O IRREGULLAR

A Ribamar o que é de Ribamar: Jean Boechat, do Telescópica, lembra que "Borbulhas de Amor", aquela obra-prima cantada pelo Fagner, é do compositor dominicano Juan Luis Guerra e teve sua versão em português cometida por José Ribamar Ferreira, also known as Ferreira Gullar.

E como é que o laureado autor d'"A Luta Corporal" se põe a escrever coisinhas tão singelas como "quem dera ser um peixe"? Sinceramente, não me espanto. Desde aquela novela "Araponga", nada que venha do Gullar me surpreende (highlights: Tarcisão Meira erguendo os óculos ray-ban e dizendo para a câmera "meu nome é Ponga. Araponga"; e o personagem do Milton Gonçalves, Zé das Couves, o inventor da urinolina).

4.4.02

ESTRANHOS CRUZAMENTOS

Mais uma brevíssima pausa para tratar dos “événements”. Dêem uma olhada nos mascotes da próxima Olimpíada (Atenas, 2004). Segundo o UOL, os personagens foram inspirados em dois deuses gregos. Essa versão é fantasiosa: todo mundo percebe que eles são, na verdade, os filhos do Bart Simpson com o Abaporu.



GUAVA FASHION, THE COMEBACK

E chega. Voltamos à nossa programação normal, com o melhor do Carnaval. Hoje vou falar de sapatos (sorry, fetichistas; nada que interesse a vocês). Duas coisas, a primeira e a segunda:

1) A mesa-redonda comandada por Roberto Avallone é uma perene fonte de inspiração para este blog (se bem que ela era mais féchom quando o Avallone usava aquela tintura acaju nas madeixas). Pois nosso herói anda anunciando sapatos que deixam os homens mais altos. É, meu caro: por fora, parece um pisante normal, mas por dentro você cresce até sete centímetros! Sensacional para quem quer parar de ser chamado de tampinha, pintor de rodapé, meia-punheta etc. sem abrir mão da elegância.

2) Rede Galinha Morta. Uma rede de lojas de calçados com esse nome tinha de ser citada aqui no puragoiaba. A introdução do site, com uma galinha pessimamente desenhada e vestida de perua (!), também faz por merecer a Comenda da Grã-Ordem da Goiaba. Só não consegui descobrir, ainda, se o nome tem algo a ver com a última moda nas encruzilhadas. Cruz-credo!
A REALIDADE É SURREALISTA

Pausa para falar de duas coisas que, como se sabe, eu abomino: "acontecimentos" e roquenrol. É que o surrealismo da história não podia passar batido: George W. Bush convidando Ozzy Osbourne para um jantar na Casa Branca. Eu acho que Ozzy deveria retribuir o gentil convite e chamar Bush para dividir o palco em sua próxima turnê. Seria bem engraçado ver os dois cantando "War Pigs", ou o Bush gritando "I am Iron Maaaaan!".
I LOVE YOU ALL

Não sei se foram os efeitos colaterais de um porre de vinho Chapinha, mas tenho a impressão de que os três ou quatro habituais leitores deste bloguinho se transformaram em 97 ontem. Quero agradecer a todos aqueles a quem a falta do que fazer conduziu até aqui -e, em especial, a Apollo, o Doutrinador, e ao coronel Trautman, sem os quais eu jamais saberia que a luta só acaba quando termina (aumenta o volume da trilha sonora: "It's the eye of the tiger, it's the thrill of the fight...").

3.4.02

É CAMISA 10 DA SELEÇÃO, LAIÁ-LAIÁ-LAIÁ

Estou começando a achar que não há válvulas Hydra suficientes para todo mundo que, ahn, "faz arte" em São Paulo. Na Bienal, há aquela exposição teratológica que a gente já conhece. E o Masp inventou de fazer uma mostra cujo tema é o Pelé.

Mas por que diabos eu participaria de um "evento" como esse? Só se estivessem expostos aqueles US$ 700 mil do Unicef que desapareceram misteriosamente (direito de resposta: "Olha, o Pelé jamais faria uma coisa dessas, entende? Todo o Brasil sabe que o Pelé ama as criancinhas, desde que não sejam filhas dele. Love, love, love. Meu sócio me sacaneou, entende? Feladaputa").
PURAGOIABA NA BOCA DO POVO 2

E a autopromoção não pára! Confira o que mais personalidades estão dizendo a respeito do puragoiaba:

Dadá Maravilha, o criador do dadaísmo: "Só Ruy, beija-flor e Dadá param no ar. O puragoiaba é a personificação da banguela convexa: a solucionática para todas as nossas problemáticas."

Fidel Castro: "Ruy Goiaba es un perro imperialista, un insidioso contrarrevolucionario. Paredón para Ruy y para todos los enemigos de la patria!"

Rita Cadillac: "O Ruy é um doce de goiaba. Inteligente, charmoso e de muito bom gosto. Seu blog é bom para o moral."

Charles De Gaulle: "O puragoiaba não é um blog sério."
GRANDES VERSOS DO CANCIONEIRO POPULAR 10

"Quem dera ser um peixe
Para em teu límpido aquário mergulhar,
Fazer borbulhas de amor pra te encantar..."

Fagner, o único cantor do mundo cuja técnica de vibrato consiste em chacoalhar a cabeça, tem muitos belíssimos versos que mereceriam constar desta seção (a começar por aquele "se você vem comigo, eu não choro maaaaaais..."). Mas os campeões, na minha opinião, são esses de "Borbulhas de Amor". Imaginar um peixe com a cara do Fagner é puro "freak show".
BREGA'S BANQUET 37

Você é um conformado
Conformado até demais
Eu não suportaria assim nessa calma o que ela lhe faz
Você está apaixonado
Por alguém que não lhe quer
Deixe que ela se vá e arranje outra mulher
Ela não lhe tem amoooor
Ela só quer lhe ver choraaaar
Você não merece ser tão maltratado por alguém tão vulgar...


Não basta reproduzir a letra aqui; é preciso ouvir esse bolerão do Waldick Soriano, "O Conformado", para ter uma idéia de quão longe o hardcore brega pode ir. Tudo é bom, do elegante eufemismo do título ao arranjo no melhor estilo "casa da luz vermelha em Pedro Juan Caballero". Waldick, com seu chapelão e seus óculos escuros, é patrimônio do brega nacional.
BREGOTECA BÁSICA

Leonora, há sempre uma ou outra coisa no Zeitgeist que eu também desconheço (por exemplo, fui apresentado ao Lo Fidelity Allstars pelo blog dele). Mas você precisa conhecer o Liberace (1919-1987), minha cara: esse pianista talvez tenha sido o ser mais inacreditavelmente cafona do planeta. Se você duvida, dê uma olhada na página oficial da figura. Perigooosa...

2.4.02

PURAGOIABA NA BOCA DO POVO

Este blog é só sucesso, como diriam os locutores de FM. Confira a opinião de alguns dos nossos leitores vips (verdadeiros imbecis pseudo-intelectuais) sobre o puragoiaba:

Baiano Meloso: "Puragoiaba é uma coisa assim amara, é linda, onde e quando é jenipapo absoluto -não obstante goiaba seja. Bethânia também acha. Ele é minha maior influência depois de João Gilberto. Ruy é goiaba porque quisera sê-lo. Ou não".

Zé Celso Martinez Corrêa: "Puragoiaba é uma verdadeira orgya dionysíaca! É uma uzyna uzona antropofágica! É te-ato electrocandomblaiko! É Glauber, Oswald e Odair José! É..." (paro por aqui; a mensagem segue nesse tom por mais 250 linhas).

DJ Avan (copyright Zeitgeist): "Sedução. Luz do querer. Açaí guardiã, celofane. Dju-dju-dju-dju".

Arnaldo Antunes: "Goiabo, banano, pitango. Macha, fêmeo. Socorro, não estou pensando nada".

Os Vips: "Exigimos direito de resposta àquele insidioso post em que esse tal de Ruy nos acusava de cortar o cabelo no Pomba's Coiffeur, aquele que só caga na cabeça. Nada mais falso. Desde a década de 60 nós mesmos cortamos nossas madeixas, sem a ajuda de ninguém e sem olhar no espelho".
GRANDES VERSOS DO CANCIONEIRO POPULAR 9

"O meu corpo viraria sol, minha mente viraria sol,
Mas só chove, chove, chove, chove, uou."

Kiko Zambianchi é tão consistentemente medíocre que chega a ser admirável. Nessa baladinha, "Primeiros Erros", ele consegue transformar a palavra "viraria" numa proparoxítona ("minha mente virária sol"). E o "uou" no final do verso é particularmente poético, cheio de significados metafóricos: chove, chove, uou.
GUAVA POWER

Vejam só como a goiabice toma conta do país: recebi e-mails de um rapaz chamado Cláudio Salles, de Niterói, que relata a existência de um movimento cultural com o nome de Pop Goiaba naquela cidade. Esse nome, diz ele, é uma gozação com o apelido pelo qual os niteroienses são conhecidos ("papa-goiaba").

Embora não tenha nascido na terra do cacique Araribóia, eu dou o maiorrrapoio ao Cláudio e aos seus comparsas. Todo o poder aos goiabas. Primeiro, Niterói; depois, o mundo!
GOIABA TRAVEL GUIDE

Tonga é um país da Oceania. Sua capital, excelente para trocadilhos imbecis de duplo sentido, é Nukualofa. Todos em Tonga falam tonganês, devem obediência ao rei de Tonga, Taufa'ahau Tupou IV, e usam uma moeda chamada pa'anga, igualmente adequada a piadinhas infames.

Tonga deve ser um ótimo destino para seres como Márcio Canuto, aquele insuportável repórter gritão da Globo. Esse cara merece conhecer Nukualofa e receber seu salário em pa'angas. Só não sei se é melhor deportá-lo para lá ou dar-lhe uma surra de saco de areia. Talvez ambos.

1.4.02

BRIMSTONE AND FIRE

Claro, há gente inteligente que (ainda) gosta de rock. Entre eles, muitos donos de blogs que adoro ler. Mas, além de ser minoria, todos são como a família do Ló antes de se mandar de Sodoma. Quando eles deixarem de gostar, os outros roqueiros hão de ser consumidos pelo fogo e pelo enxofre. Assim seja.
TROCANDO DE BIQUÍNI SEM PARAR

Aproveitando um dos assuntos do último Spam Zine (letras de música mal compreendidas), sugiro que vocês dêem uma olhada no site "Kiss This Guy". É engraçadíssimo. Ali você descobre o que a falta de um bom cotonete pode provocar: ela transforma o psicodelismo de "Purple Haze", do Jimi Hendrix, numa declaração de amor homossexual (o que explica o título do site: "Excuse me while I kiss this guy...") e faz com que Mick Jagger cante "eu nunca serei seu coelhinho da Páscoa" (numa criativa transformação de "Beast of Burden").

Bom, como as letras do site são quase todas roqueiras, as "misheard lyrics" são, na maioria dos casos, bem melhores que as originais. Faz sentido. Só com muita cera no ouvido para continuar gostando de rock depois da puberdade.
ACRÉSCIMOS AO TOLICIONÁRIO

Mais dois adjetivos sem os quais os jornalistas brasileiros não conseguem viver: "emblemático" (leia-se, a respeito, bom artigo do cineasta Alain Fresnot no "Estadão") e "seminal".

O primeiro parece nome de gente. Fico imaginando um senhor bem velhinho, professor aposentado de latim, de chapéu e colete, se apresentando: "Muito prazer, Emblemático de Oliveira". Quanto ao segundo, seu uso deveria ser restrito a referências aos testículos. Eles, sim, são seminais; o resto é conversa.