31.5.04

Este post não tem título

Lá no Ataturk, faço parte de uma comunidade chamada "Não Vi e Não Gostei", cujos integrantes, à semelhança do velho canibal Oswald de Andrade, dedicam-se ao saudável esporte de falar mal das coisas que não viram. Mas é claro que nenhum de nós precisa ver, ler ou ouvir alguma coisa para gostar dela: basta fazer como 101% dos leitores de jornal e levar em conta apenas os títulos.

Nelson Rodrigues, o tarado de pijama, já dizia que nem era preciso entrar no cinema para gostar de um filme chamado "De Amor Também Se Morre" (cujo título original é, aliás, bastante sem graça: "The Constant Nymph"). Passemos à música: você pode não apreciar jazz e nunca ter ouvido falar de Charles Mingus, mas há de convir comigo que um disco que lista na contracapa nomes como "Don't Be Afraid, the Clown's Afraid Too" e "The Shoes of the Fisherman's Wife Are Some Jiveass Slippers" não pode ser ruim.

De minha parte, posso dizer que jamais perdoarei Dostoiévski por ter dado a um de seus livros o nome de "Humilhados e Ofendidos". Saibam que só não escrevi um romance porque o título tinha de ser esse que o russo neurastênico roubou de mim. Mas não desisto facilmente. Minha maior ambição é superar Guimarães Rosa: lançar um livro com um nome pior que "No Urubuquaquá, No Pinhém", o título mais feio do mundo em todos os tempos (aposto que, porque Rosa era "gênio", nenhum editor quis desestimulá-lo. Deveriam ter perguntado se na bundinha dele não ia nonada).

27.5.04

A moda agora é filosofar pelado

Originalidade é um mito romântico. Tudo, rigorosamente tudo o que pensamos já foi pensado por algum grego pirobo, vestindo uma túnica ridícula, há pelo menos 2.500 anos. Todas as bobagens que escrevi neste blogue, por exemplo, já haviam sido cogitadas por Parmênides enquanto ele tentava provar sua tese de que o movimento está parado. Vale o mesmo para o Dasein, aquela invenção do sósia do Cony que só é deglutível acompanhada de chope escuro, e para os bailes funk. Pena que não exista nenhum registro escrito sobre o estilo conhecido como "pancadão do Partenão" nem sobre a turnê de MC Aléteia e DJ Peri -cujo nome completo, especula-se, era Peripathétikos Theotokópoulos- por todo o Peloponeso. Naquele tempo, a dupla já dizia em suas músicas que "beijo na rosca é coisa do passado". Mas Platão e as outras bichinhas que o cercavam não deram ouvidos. Paciência.

26.5.04

They call me the Howlin' Guava

Estou tentando virar bluesman. Todo dia eu encho a cara de bourbon e tento tocar dois acordes no meu violão -até agora, não saí do primeiro, que só acerto quando estou sóbrio. Já compus, mesmo sem acompanhamento, 115 músicas que começam com os versos "I woke up this morning/ My baby was gone". Cada uma delas tem sutilíssimas variações no tipo de interjeição utilizado ("boom, boom", "hey, hey", "yeah, yeah", "iac, iac" e assim por diante). Ainda assim, já estou bem perto do coma alcoólico e não consegui ser reconhecido como um legítimo homem-azul do delta do Tamanduateí. Penso que estejam faltando só o chapéu com estampa de oncinha e pena e a aprovação do pessoal da UnB, certificando que sou black e sou proud. Vou a Brasília bater o mojo na mesa e impressionar esses branquelos. I spell M-A-N...

25.5.04

A arte do jornalismo esotérico

Jornalismo ruim é uma arte. Sobretudo quando transforma notícias que deveriam ser compreensíveis em rituais esotéricos -os quais requerem iniciação- ou obras abertas -que o leitor interpreta como quiser. Existe toda uma beleza nisso: às favas com aquele negócio de objetividade, o quê-quem-como-onde-quando-por quê, essas caretices pré-modernas. O bom jornalismo ruim está por toda parte, mas seus exemplos mais eloqüentes costumam aparecer, creio, nos cadernos culturais e nos econômicos.

Evito ler as seções de cuRtura porque me sinto constantemente humilhado pela overdose de goiabice que elas contêm. Mas, às vezes, a gente se depara com coisas interessantes, como uma reportagem sobre o artista plástico Nerbal Xampu que começava assim: "Xampu é contra exposições, contra a dominação intelectual, contra a lógica perversa do mercado". Achei que fosse ler, logo em seguida, algo como "Nerbal Xampu é luz, é raio, estrela e luar, manhã de sol, meu iaiá, meu ioiô. Vote em Nerbal pra vereadô". Não li, mas também não encontrei nada que explicasse que cazzo eram a "dominação" e a "lógica perversa". Disso deduzo que os autistas plastas (expressão da Letícia) são todos tarados e chegados a uma dominação perversa; num eventual encontro com um deles, não devemos desgrudar a bunda da parede -exceto Nerbal Xampu, que é sujeito de família e não transa essas coisas.

Hoje mesmo um jornal trouxe um exemplo de ótimo jornalismo econômico ruim: no título, a frase "'Número dois' do BofA deixa cargo em junho", acompanhada pela linha-fina (acima do título) "McQuade pediu demissão". Entendi que o McQuade em questão é o Lobo Solitário e que a menção ao "BofA" corrobora aquilo de que eu desconfiava havia tempos: hmmm, Chuck Norris camufla, hmmm, Braddock solicita. Vocês acham que estou errado?

24.5.04

Inclusão digital na África

Tenho de fazer uma confissão que talvez escandalize meus dois ou três leitores e meus colegas de portal: sou um goiaba afrocêntrico. Acredito que toda a civilização ocidental, de Platão e Aristóteles aos aspiradores de pó Electrolux, veio da África -e quem leu "Macunaíma" sabe que, muito antes de ser uma agência do Nizan Guaranaes, a África é aquele lugar onde o cabelo das mulé é mais crespinho. Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho. E todo homem, como dizem os psicanalistas, passa a vida tentando voltar, com mais ou menos sucesso, àquelas altas temperaturas e àquele clima úmido. Além disso, a África é o melhor lugar para qualquer projeto de inclusão digital que se preze. Mama Africa, here I come!

21.5.04

Pequena antologia goiabal

Claude Lévi-Strauss (1908 - )

"Nossos estudantes queriam saber tudo; mas, em qualquer campo que fosse, só a teoria mais recente parecia merecer-lhes a atenção. Fartos de todos os festins intelectuais do passado, que aliás só conheciam por ouvir dizer, já que não liam as obras originais, conservavam um entusiasmo sempre disponível pelos pratos novos. No caso deles, conviria falar mais de moda que de gastronomia: idéias e doutrinas não ofereciam, em seu entender, um interesse intrínseco, consideravam-nas como instrumentos de prestígio cujas primícias deviam conseguir. Partilhar uma teoria conhecida com outros equivalia a usar um vestido já visto; expunham-se a um vexame. Em compensação, praticavam uma concorrência ferrenha à custa de muitas revistas de vulgarização, periódicos sensacionalistas e compêndios, para conseguir a exclusividade do modelo mais recente no campo das idéias. (...) No entanto, a erudição, da qual não tinham o gosto nem o método, parecia-lhes (...) um dever; de modo que suas dissertações consistiam, qualquer que fosse o tema, numa evocação da história geral da humanidade desde os macacos antropóides, para terminar, por meio de algumas citações de Platão, Aristóteles e Comte, na paráfrase de um polígrafo enfadonho cuja obra tinha tanto mais valor na medida em que, por sua própria obscuridade, era bem possível que nenhum outro tivesse a idéia de pilhá-la."

(Trecho de "Tristes Trópicos", livro de 1955 -traduzido por Rosa Freire D'Aguiar- em que o autor narra, entre outras histórias, sua experiência no Brasil como um dos primeiros professores da USP, na década de 30. É claro, porém, que o parágrafo acima poderia ter sido escrito ontem. Uou, uou, uou, uou, nada mudou.)

20.5.04

Seleções do Ruyder's Digest

Preciso confessar: aquela história de que só leio encartes de CDs é mentira. Sei que isso é abjeto, mas admito que sou um daqueles "feladaputa que lê livro" (e minha coleção de discos não tem só Agnaldo Timóteo -rola um Nelson Ned às vezes). Tenho até alguma experiência em comprar livros e estou disposto a partilhá-la com vocês, uma vez que fracassos podem ser instrutivos. O velho fascista Ezra Pound, em mil novecentos e bolinha, já dava a dica: como é impossível ler tudo, não perca tempo e dinheiro com bobagens, faça seu paideuma só com os inventores e os mestres. Sigo essa orientação à risca -o que me poupa de penar com os poemas do próprio Pound. (Gostaram da aliteração? Trepa, Haroldo, siri tá no Pound, eu também sei tirar o cavaco do Pound.)

Entendo, porém, que dicas mais detalhadas sejam necessárias. Se você está perdido numa dessas megalojas, cansou de comprar eletrodomésticos e achou que seria bacana levar um livrinho para casa, mas não sabia qual, siga as recomendações listadas abaixo.

1) Dê uma boa fuçada nas estantes de auto-ajuda. Não, você não leu errado. É só contar com o analfabetismo funcional do pessoal que as organiza. Como já escrevi aqui, podem-se encontrar os sete volumes de "Em Busca do Tempo Perdido" entre os Japachiques e o último livro da Lya Luftal (copyright de Alexandra, a Nibelunga). Há também "A Montanha Mágica", história do sucesso de um rapaz alemão na luta contra a tuberculose, e "Lolita", lindo livro que mostra que as diferenças de idade não são obstáculo para o amor.

2) Evite comprar livros da Conrad. Se saiu por essa editora, não pode ser bom -é como água e azeite, Ingmar Bergman e Paulo César Pereio, livros da Brasiliense nos anos 80 e boa literatura, essas substâncias que nunca se misturam. Vá por mim. O mesmo vale para qualquer coisa publicada pela Fundação Perseu Abramo.

3) Fuja, correndo e gritando, de livros-escritos-por-gente-que-tem-blogue. Pelo amor de Deus. As pessoas só têm blogues porque são analfabetas, disléxicas ou as duas coisas juntas (como é meu caso). Blogueiros que publicam livros somam a chatice a essas duas qualidades -e dá-lhe spam, banner, autopromoção desenfreada e o cazzo-a-quatro para que você compre o maldito livro. Na cabecinha dos "escritores de internet", "escrever livros" confere um status social superior a "escrever em blogue" e ainda ajuda a disfarçar a caspa e o mau hálito. Ora, francamente. (Eu ia dizer que há exceções. Não vou. Assim é mais divertido.)

4) Por último, mas importantíssimo: jamais compre livros de escritores que se deixem fotografar descalços. Está cientificamente provado: em 100% desses casos, não há hipótese de o livro não ser uma caca. Você já viu alguma foto de James Joyce descalço? William Butler Yeats na banheira, com os pés para cima? Jorge Luis Borges exibindo seus joanetes? Claro que não. Então, amigo escritor, trate de calçar os sapatos se quiser que eu compre algum livro seu. Não, nada de sandálias Havaianas: sapatos, s'il vous plaît. Poupe-nos da visão grotesca das suas extremidades inferiores.

19.5.04

Não verás um nariz como este

Passeando pelo Turko, é facílimo descobrir quem é brasileiro. Além de entrar em todas as comunidades de língua inglesa perguntando "quem mais aí tem hemorróidas?", o brasileiro típico sempre coloca no quesito "about me" algo assim: "Ginga. Manemolência. Ishperrrteza. Odeio esses feladaputa que lê livro. Adoro viver a vida intensamente". No item "passions", invariavelmente, escreve "presepada". E, se restar alguma dúvida, basta olhar as fotos do álbum, em que o brasileiro feliz exibe ora o dedo médio em riste, ora sua total falta de dentes. Nojento, tchan!

13.5.04

And now for something completely different

Aí o presidente chegou ao Alvorada às cinco da manhã, inteiramente sóbrio. Dona Marisa, deitada mas acordada, disse do quarto: "Vai tomar banho agora ou quer que eu esquente a comida, Super-Homem?". O Efelentífimo, enquanto tentava fazer um 4 com as pernas (sem sucesso), estranhou: "Companheira Mariva, por que vofê eftá me chamando de Fuper-Homem? É porque eu fou um pernambucano macho e não deixo por menof?". "Não, meu benzinho. É porque você está usando a cueca por cima da calça."

***

O presidente entrou na Catedral da Sé, agarrou o arcebispo pelo braço e gritou: "Companheiro, me vê uma pinga!". "Aqui não vendemos pinga, Efelentífimo." "Então, um conhaque." "Também não vendemos." "Maf que porcaria de bar é effe?" "Aqui não é bar, presidente, é uma igreja." "Ah, bom. Então me vê um San Raphael."

***

O porta-voz puxa-saco entrou na sala do presidente e o viu segurando uma corda atada a um gancho no teto, da qual pendia uma garrafa de Ballantine's. Perguntou: "Amado soberano, excelso comandante, Guia Genial dos Povos, meu iaiá, meu ioiô, o que Vossa Excelência está fazendo com essa garrafa aí?". Resposta: "O médico mandou fufpender a bebida, eftou fufpendendo, porra".

***

O presidente, cambaleando sobre a linha do trem, dizia consigo mesmo: "Effa bofta de efcada rolante não acaba nunca. Mas o pior de tudo é que o cara que conftruiu colocou o corrimão lá embaixo. Fe for americano, vou canfelar o vifto deffe feladaputa".

***

Mais piadas de presidente neste link aqui. Só lamento não poder ressuscitar Mussum para colocá-lo na Presidência. Esse, sim, era um trapalhão que bebia, tragava e admitia gostar de mé. Um viva a Antônio Carlos e um pé no forévis do Cachaceiro Stalinista.

12.5.04

Vergonha de ser brasileiro

Quem acompanha o puragoiaba há algum tempo sabe que não costumo fazer posts sobre "acontecimentos" -a não ser quando falta assunto, o que aliás tem sido freqüente- nem tratar de temas que, inevitavelmente, serão abordados por outros blogues. Muito menos estou habituado a falar sério, já que o único objetivo deste blogue é ser meu playground. Mas não consigo deixar de comentar a suspensão do visto de Larry Rohter, correspondente do "New York Times" no Brasil, depois daquele texto, por ele assinado, em que se insinua que nosso Efelentífimo gosta de encher a cara.

O que interessa aqui não é o mérito da reportagem. Admito que ela possa, sim, ser caluniosa -e o governo brasileiro teria instrumentos jurídicos para processar o jornal. O que importa, contudo, é a atitude. Cancelar o visto de um correspondente estrangeiro é inédito neste país em períodos (pelo menos formalmente) democráticos: a última vez que isso aconteceu foi em 1970 -repito: 1970, governo Médici, ápice da ditadura militar-, com a expulsão de François Pelou, então chefe da France Presse no Rio de Janeiro.

Consta que a iniciativa foi do próprio presidente, num momento de exemplar sobriedade. É uma besteira inominável, federal, do ponto de vista jurídico: minha amiga Cam Seslaf informa que Rohter, casado com brasileira e -ao que parece- com filho brasileiro, não poderia ser expulso. Especialistas ouvidos pelos jornais dizem que, se pedir, o jornalista americano ganha fácil liminar contra essa decisão. E é uma idiotice total do ponto de vista político: reaviva um assunto que estaria enterrado na semana seguinte, passa recibo das acusações de "cachaceiro" e atrai, para o governo, a reprovação da mídia e até de aliados. Veja-se o que Fernando Gabeira -que saiu do PT, mas é obviamente insuspeito, até por estar proibido de entrar nos EUA há anos- diz desse episódio: "É a primeira vez, em um momento democrático do país, que expulsamos um jornalista. A reportagem é lamentável, mas a reação é muito mais lamentável". Não vejo como discordar.

Claro, já há gente por aí comemorando a medida como um gol do Brasil, achando que "finalmente estamos peitando os americanos", fazendo paralelos com as exigências nos aeroportos etc. Se você pensa assim, não se levantará quando cair de quatro -e pode sair já do meu blogue, porque gente cretina não é bem-vinda aqui. Não é uma medida análoga àquela dos aeroportos (que é legal, por mais polêmica que seja). E não é "um americano" que está "sendo peitado"; antes de tudo, Rohter é um jornalista que corre o risco de ser expulso do país por causa de uma reportagem. Poderia ser de outro país. Poderia, em outras circunstâncias, ser até brasileiro. É óbvio que autores de reportagens mentirosas devem ser punidos; há meios para isso. Mas a atitude do governo mostra a face lisa de uma ditadura -da incapacidade de conviver com uma liberdade de expressão que não seja licença para adular quem esteja no poder.

Eu pensava que o Efelentífimo fosse apenas um político incompetente. Não: trata-se de um sujeito perigoso, que acha que democracia só é bacana quando lhe convém e autoritarismo só é ruim quando não se tem o chicote na mão. Ninguém é amigo do titio Fidel impunemente. E finalizo este post com uma mudança relevante em relação à primeira versão: dizem que Ricardo Kotscho, jornalista e secretário de imprensa da Presidência, embora tenha defendido a medida (como funcionário do déspota), parece bastante constrangido com ela. É o mínimo que se espera de gente como ele e o porta-voz do Planalto, André Singer. Mas, se os dois se demitissem, seria uma iniciativa muito mais digna.

(Chega, falei demais, vou descer do banquinho. "Vergonha de ser brasileiro" era, neste blogue, um misto de brincadeira e provocação. É triste que a frase se torne expressão da verdade.)

7.5.04

A função social da bunda

Não se fará reforma agrária a sério neste país enquanto ela não começar pelo derrière da Juliana Paes. É um absurdo, uma clamorosa injustiça social, que a exploração daquele latifúndio seja privilégio de poucos. Não me sinto representado pelo MST, já que eles só gostam de mulheres barbadas e não se interessam por invadir esse tipo de propriedade -perguntem ao Stédile "quem tem terra?" para ver o que ele responde. Bando de leninistas pirobos.

6.5.04

Pequena antologia goiabal

Giuseppe Ungaretti (1888-1970)

Quando mi desterò
dal barbaglio della promiscuità
in una limpida e attonita sfera

Quando il mio peso mi sarà leggero

Il naufragio concedimi Signore
di quel giovane giorno al primo grido


("Preghiera" -prece-, de "L'Allegria", livro lançado em 1919. Há tradução para o português do livro todo, feita por Geraldo Holanda Cavalcanti. Se você não lê em italiano, vá atrás, que vale a pena.)

2.5.04

Não se pode servir a dois senhores

Quem disse que a televisão não exibe coisas instrutivas? Confiram este diálogo, reproduzido sem grande fidelidade, entre Borges Akaju, jornalista esportivo "polêmico", e um boxeador que ameaçava lhe dar uma coça, ao vivo, nos estúdios da emissora.

Boxeador - Tu é homem? Tu é homem?
Akaju, tremulamente - Eu sou jornalista!

A distinção é exata -e não apenas para jornalistas esportivos, que o são só para ver jogadores pelados nos vestiários. Esse negócio de dar furo e gostar de pauta grande é um caminho sem volta. Afe!

Sertanejos underground

Tatu e Toupeira, dupla sertaneja que só se apresenta em cavernas, minas e fundos de poço (literais ou figurados), é a nova aposta das Organizações Goiaba* para fazer com que a dita intelligentsia, finalmente, dê o devido valor a esse gênero musical tão discriminado. Como se sabe, minha tentativa anterior de revolucionar o breganejo -a dupla pornossertaneja Punheta & Siririca- fracassou rotundamente. O público, conservador, não aceitou a troca da viola pelo órgão. Mas sei que a incompreensão é da natureza das vanguardas; a posteridade há de me dar razão.

* Chega dessa história de "Goiaba's Enterprises". Isso é coisa de quem não ama este Brasilzão lindo de meu Deus, esta terra abençoada, país sem igual em todo o mundo. (Sorte do mundo.)