19.1.02

LES VACANCES DE MONSIEUR GOIABÁ

Moçada, desculpem pelo sumiço -se é que ainda há alguém lendo esta bananada de goiaba. Submergi nas águas de janeiro que caíram sobre São Paulo. Doravante, só teclarei com meu escafandro azul-royal, com pés-de-pato combinando.

De todo modo, esta lojinha goiabal vai dar férias coletivas ao seu único funcionário. Como eu também sou filho de Deus (não, cafonice não é pecado), vou lá para Long Beach -jogar bocha com os amigos do seu Valdisney, curtir dias nublados, ficar vermelhão com o mormaço e, depois, descascar lindamente. Ainda em fevereiro, o puragoiaba reabrirá, trazendo novidades para a sua seleta freguesia. Até lá!

11.1.02

E o meu pingüim de louça está de volta. Os convidados especiais foram todos realocados nos posts aí embaixo.
BOSTA NOVA

O Língua de Trapo foi uma das coisas de que eu gostava na pré-adolescência e, à medida que fui ativando alguns neurônios (não muitos, como vocês sabem), passei a achar menos engraçada. Mas tenho de admitir que, às vezes, os caras acertam. É deles a melhor sacanagem já feita com o João Gilberto, que está no disco "Vinte e Um Anos na Estrada". Dê um pulinho na Usina do Som e procure por esta obra-prima, "Cagar É Bom":

Cagar é bom quando a gente tá em paz
Ouvindo na água o som
Que a merda caindo faz
Cagar molinho, cagar durinho
Cagar soltinho
De qualquer jeito, de qualquer maneira
Até quando é caganeira
Cagar é bom, é muito bom
Cagar é bom demais...


Sim, senhores, isso é que é bosta nova. "Um penico, um violão..."

Goiabas, goiabas, goiabas. Goiabas fresquinhas. Goiabas de Piracicaba. É o puro creme do milho (cortesia da Patsy).

10.1.02

PÓS-BREGA

Eu confesso: estou completamente desatualizado no que diz respeito às mais recentes manifestações do brega. Não bastasse ser goiaba e tecnocapivara, também sou um dinossauro. Mas já estou começando a me aprofundar no brega de vanguarda, ou pós-brega. Aguardem notícias sobre Agnafon, Francis Dellon, a fera do brega, e Valfredo Jair, o rei do bolero.
É O PURO CREME DA FRUTA

Para que ninguém acuse o puragoiaba de ser um blog homofóbico, hoje vocês serão recebidos pelo megafruta Liberace, presumivelmente o pianista mais brega de todos os tempos. Difícil foi escolher uma foto só. Poderosa!

9.1.02

BREGA'S BANQUET 28

Ela espera e não desespera na beira do cais
Ela quer quem vier, quem trouxer, quem der mais
Ela sabe que os homens de branco estão pra chegar
E em câmera lenta ela tenta a vida ganhar

Seu olhar inquieto vacila em qualquer direção
O seu corpo empinado desfila na escuridão
Ela é uma estrela que brilha na vida que traz
Ela é a Mulher Maravilha da beira do cais


Quem cantava isso, nos anos 70, era um cara chamado César Sampaio (não confundir com o jogador), que despontou para o anonimato. Mas "Secretária da Beira do Cais" é sensacional. Repare na riqueza coleporteriana das rimas internas.

(Que heresia. Se os deuses da música não me fulminarem hoje, nunca mais.)


SUECOS GOIABBAS

Hoje, quem faz as honras da casa são os barbudinhos do ABBA (anagrama de BABA, dizem) e suas espôusas. Sim, eu sei que só um deles é barbudinho, cazzo. Sei também que a foto está fora da margem, mas você acha que isso não foi pensado? É conceitual, puramente goiabístico. "Mamma mia, here I go again..."

8.1.02

SIGAM-ME OS BONS

Também fiz duas pequenas mudanças no panteão (grafado "pantheon" por culpa desse template estúpido, que não reconhece o "ão"): incluí Raul Gil, talvez o maior símbolo da goiabice televisiva, e o site de Roberto Gómez Bolaños, "also known as" Chaves/Chapolim Vermelho.

Em espanhol, o nome desse ícone do humor tosco e subdesenvolvido é "Chespirito". Eu dei uma olhada na origem do apelido -clicando em "entrada" e, depois, em "biografia"- e constatei, com um suspiro de alívio, que não sou o único a fazer Shakespeare se revirar na tumba ("Macbeth, você não contava com minha astúcia!").

WHAT'S NEW, PUSSYCAT?

Vida complicada aqui no reino da bananada de goiaba; dificilmente conseguirei postar muito nos próximos dias. Mas dá para fazer uma ou outra mudança no template: hoje, é Tom Jones quem lhes dá as boas-vindas, nessa elegantérrima roupa vermelha. Um viva para o Wando do País de Gales!

7.1.02

GALERIA RUY GOIABA 4

Por falar na Gretchen, aqui está ela. Como não incluí-la na galeria? E, pensando bem, sempre achei que o Mister Sam ("jeans, jeans Tarka! Aroutche, Barán, San Bento y Direita...") -argentino picareta (pleonasmo?), empresário da moça e provável inventor da "bunda music"- tinha um certo ar de Mefistófeles.


SHAKESPEARE, SEX & VIOLENCE

Sim, senhores, há um lado Freddy Krueger em Shakespeare. A peça "Tito Andrônico", por exemplo, é mesmo uma carnificina -capaz de deixar "O Massacre da Serra Elétrica" incrivelmente parecido com "A Noviça Rebelde".

Eu gostaria de já ter postado aqui um "dossiê literatura & sacanagem", para o qual Balançalança forneceria excelente material (também nisso ele é nosso contemporâneo...). Há desde coisas bem explícitas (as falas de Mercúcio em "Romeu e Julieta", por exemplo, ou Iago dizendo ao pai de Desdêmona que ela e Otelo estavam "making the beast with two backs") a indecências engenhosamente subentendidas. Um dia, se tiver tempo, falarei dos "country matters" de Hamlet (isto é, da Ofélia) e da carta recebida por Malvólio em "Noite de Reis".

Por enquanto, concentro minhas poucas horas livres no estudo das afinidades entre a Gretchen do Goethe (Margarida, nas traduções do "Fausto" para o português) e aquela moça que cantava "Freak Le Boom Boom".
O QUE IMPORTA É O CONTEÚDO

É hora de outros personagens começarem a freqüentar este puragoiaba. Já mencionei o seu Valdisney, de Long Beach, alguns posts atrás. Há também Chico Toucinho, o último dos empiristas de botequim -o homem que, nietzscheanamente, encarou o ovo da casca vermelha e a empada-que-matou-o-guarda numa mesma refeição e sobreviveu para contar a história. Não sei se ele se fortaleceu com a experiência, como queria o Belchior da filosofia alemã; mas isso não vem ao caso.

Um dia eu explico como conheci o Chico. Por enquanto, apenas reproduzo aqui um breve diálogo entre nós sobre o novo presidente da Argentina, Eduardo Duhalde. Eu, com a finesse que me caracteriza em momentos de mau humor, disse que via no cara uma vaga semelhança com um penico. Ao que o Chico retorquiu: "Pois é, meu caro, mas o importante é saber se ele tem conteúdo...".

Eu acho que tem. Transborda, aliás. E vocês?
BREGA'S BANQUET 27

Vocês querem um exemplo de como o uso do cachimbo deixa a boca torta? Pois bem. Leonora Espanca postou, lá no Persona, um belíssimo poema da Adélia Prado. Mas foi só ler o primeiro verso e eu me lembrei disto (transcrição fonética, de novo):

Quando eu fui feriduuuu
Vi tudo mudaaaar
Das verdades que eu sabiaaaaaaaa
Só sobraram restuuuus
E eu não esqueci
Toda aquela paz que eu tinhaaaaaa


Sim, Guilherme Arantes. Putaquepariu. Depois de ter escrito neste blog, acho que nunca mais vou conseguir desengoiabar.


Resolvi dar uma folga ao pingüim e deixei, por enquanto, o Ray Conniff em seu lugar. Ray e sua peruquinha são uma constante fonte de inspiração para este blog.

4.1.02

GALERIA RUY GOIABA 3

E chega por hoje. Deixo vocês na ilustre companhia de Odair José -flagrado, nesta foto, encostado ao muro e esperando a hora de tirar a mulher amada daquele lugar.



CASA & JARDIM

Em sua menção ao puragoiaba (18/12/01), o Sergio Faria escreveu que só faltava um pingüim de louça por aqui. Pois não falta mais, rapaz: veja se não é chiquérrimo esse aí que, na falta de uma geladeira, eu pus em cima dos arquivos.

A Vanessa Marques, do Morfina, havia mandado outro bem legal, mas eu não consegui postá-lo (sorry, Van; acho que seu bicho tem bom senso e se recusou a aparecer no meu blog).


GALERIA RUY GOIABA 2

Esta galeria também será um espaço de veneração dos deuses da cafonice. Quando você se sentir aflito, não ligue para o "Fala Que Eu Te Escuto". Pense em Agnaldo Timóteo e grite seu nome bem alto no infinito: o alívio será imediato.



GALERIA RUY GOIABA 1

De tempos em tempos, serei uma espécie de Sebastião Salgado do brega. Na galeria de Ruy Goiaba, vocês poderão se comover e/ou se chocar com a miséria estética da cultura nacional. Podemos começar nosso "tour" com este Trio Los Angeles; reparem na meia-calça usada pela moça que está, na foto, à direita do pirobo.

UM GRANDE PASSO PARA A HUMANIDADE

Pessoal, tô feliz da vida hoje. Graças ao auxílio luxuoso da Patsy Dee (que me mandou instruções no estilo "Caminho Suave"), diminuí meus índices de tecnocapivarice e estou postando fotos. Um blog como este precisa de informação visual, né não?

Para comemorar esse feito, abro a série com esta linda foto do Adilson Ramos, o rei do brega em Pernambuco. Ela, sozinha, explica por que eu coloquei o site do cara no panteão.

3.1.02

FREAK SHOW NA PADOCA

Mais dois comentários:

1) O slogan aí em cima mudou para combinar com o espírito de padaria deste blog. Sim, temos pão com bromato, cerveja Malt 90 em lata (quente!) e algumas goiabinhas ligeiramente esverdeadas. Além disso, fartas porções de ovo da casca vermelha e a nossa empada especial -aquela que matou o guarda. Enjoy.

2) Há um site que eu incluí no "panteão" sem ter citado nenhuma vez nos meus posts anteriores: o do inacreditável Maestro Pasquarelli.

Quem mora em São Paulo e tem TV a cabo corre o risco de já ter topado com o programa do sujeito, "Maestro Pasquarelli Aponta o Sucesso", no Canal Comunitário (canal 14 da Net). É uma das coisas mais toscas que minha TV já exibiu. Mas, se você não o conhece, uma passeada pelo site terá o mesmo efeito.

Apenas dois excertos, para despertar o apetite:

* Na página de entrada do site, clique no link "Maestro" e depois em "Metade Homem, Metade Máquina" (sic, sic). Ali se informa que Pasquarelli é "maestro arranjador, compositor, poeta, escritor, jornalista, cientista, parapsicólogo, pedagogo, filósofo"... e esse é apenas o começo da lista, meus queridos!

* Outro link sugerido é o "TV Programa Maestro Pasquarelli", com os horários de transmissão do programa e uma, ahn, tradução para o inglês simplesmente supimpa. Entre outras coisas, "de segundas às sextas-feiras" vira "of second to the sixth fairs" (NÃO estou brincando! Vai lá ver!).

Sem falar na foto do gajo. "Freak show" é um termo generoso...

AGNALDO & ARTHURZINHO

Modéstia à parte, só aqui você encontra Agnaldo Rayol e Arthur Schopenhauer lado a lado, ou Brahms ensanduichado entre o Jerry Adriani e a Lilian-rebelde-porque-o-mundo-quis-assim.

Um viva para as arbitrariedades da ordem alfabética!
QUANTO MAIS MUDA, MAIS FICA IGUAL

Como vocês notaram, o puragoiaba é um fiel seguidor daquela frase do Lampedusa no "Gattopardo": é preciso que tudo mude para que tudo continue como está. Não troquei o template porque continuo sendo uma tecnocapivara. Mas incluí uma lista dos blogs que costumo ler -acréscimos serão feitos em breve- e um "panteão" com meus sites prediletos.

Claro que esse panteão não tem, como seria etimologicamente recomendável, todos os deuses do brega. Não há sites, até onde sei, para muitos deles (como Ivon, Odair e Timóteo, para citar só três exemplos). E a lista ainda está restrita à cafonice nacional. Fico devendo um santuário para Ray Conniff, Liberace e outros. Enquanto isso, vou blogando ao som de "Aquellos Ojos Verdes".





CITAÇÕES FICTÍCIAS 6

"Entre os amigos só encontrei cachorro,
Mas entre os cachorros encontrei-te, AMIGO!!!"

William Jefferson Clinton, 42º presidente dos EUA, num emocionante discurso à beira da sepultura de seu cão Buddy.

A propósito, essa notícia é uma excelente dica para aquela seção "Foda-se" do Cocadaboa.


2.1.02

O NOME DE IVON CURI É PODEROSO

Pois é, meus amigos. Os últimos posts de 2001 davam a entender que eu havia morrido, matado o blog ou tudo isso junto. A idéia de uma seita goiabal não é má, mas tenho de confessar: não ressuscitei no 13º dia. Eu pensava em abandonar para sempre a vida blogueira, mas fui dissuadido por... uma visão (ooohhh!).

Estava viajando para Long Beach, com meus primos, no meu Dodge Dart 74 verde-abacate -quando, de repente, brilhou ao meu redor uma luz vinda do céu. Freei bruscamente (o carro patinou uns 50 metros) e ouvi uma voz que me dizia: “Goiaba, Goiaba, por que me abandonaste?”.

Eu perguntei: “Quem é você? Que peruca ridícula é essa?”. Ele respondeu: “Eu sou Ivon Curi, a quem você despreza. Faça essa lata velha andar e entre na cidade: alguém dirá o que você deve fazer. E peruca ridícula é a da senhora sua mãe”.

Eu não conseguia ver mais nada. Meus primos assumiram a direção e me levaram para Long Beach. Por vários dias eu não comi, bebi ou bloguei.

Na Praia Grande havia um discípulo de Ivon Curi chamado Onanias. E eis que Ivon também lhe apareceu numa visão: “Onanias! Feche já sua braguilha e largue essa revista Status com a Rose Di Primo! Vá à casa do seu Valdisney e procure por um homem chamado Ruy Goiaba. Ele é meu instrumento para levar o brega aos incrédulos e aos pobres de espírito”.

E Onanias partiu. Chegando à casa do seu Valdisney, deu uma bifa na minha orelha e me disse: “Chega de frescura, Goiabão. Os deuses do brega ordenam que blogues. Levanta-te e anda!”. Súbito, voltei a enxergar -e aqui estou eu, blogando novamente para dar testemunho de que o nome de Ivon Curi é poderoso.

Mas acho que nem Ivon é capaz de tirar o Onanias do único banheiro da casa do seu Valdisney, no qual ele já está há uma hora e meia. Vou arrombar a porta e já volto. Aleluia, irmãos!
SEND IN THE CLOWNS

into the strenuous briefness
Life:
handorgans and April
darkness, friends

I charge laughing.
Into the hair-thin tints
of yellow dawn,
into the women-coloured twilight

I smilingly
glide. I
into the big vermilion departure
swim, sayingly;

(Do you think?) the
I do, world
is probably made
of roses & hello:

(of solongs and, ashes)


*****

na estrênua brevidade
Vida:
realejos e abril
treva, amigos

eu me lanço rindo.
Nas tintas fio-de-cabelo
da aurora amarela,
no ocaso colorido de mulheres

eu sorrisando
deslizo. Eu
na grande viagem escarlate
nado, dizendomente;

(Você sabe?) o
sim, mundo
é provavelmente feito
de rosas & alô:

(de atélogos e, cinzas)

Respeitável público, hoje tem bananada de goiaba. Começando por esse cummings; a tradução é do Augusto de Campos.

Feliz 2002 para vocês todos, queridos & ferozes dessemelhantes.