28.7.05
Assisto aos telejornais e, em vez de testemunhar a luta perene entre paralíticos e epiléticos, vejo antas e capivaras fighting for territory. Para elas, que gostam das raízes, o prêmio é a mandioca do Zé Bonitinho, lá mesmo. E, se você não ganhar, quem ganha é a carta -mas você vai ganhar, porque é brasileiro e não desiste nunca. (Aqui, pode-se trocar o coro da tragédia grega pelo corinho dos moleques da 3ª série cantando "Ele merece/O que endurece".)
26.7.05
Eu estou grávida da Coluna Prestes
Assim falou Olga del Volga, louca pelo saxofone, muito tempo atrás. (Tão louca que foi presa por dar uma de Rahsaan Roland Kirk em plena praça Roosevelt, tocando vários instrumentos de sopro ao mesmo tempo. Mas, bem, não vem ao caso agora.) Olga engravidou da Coluna Prestes e deu à luz uma porção de petelhinhos, que cresceram e se multiplicaram feito gremlins: chame isso de coprogonia, coprogênese, como quiser. Hoje, o maior dos petelhos diz que a Celite jamais o fará baixar a cabeça -afinal, ele usa louças sanitárias de outra marca, adornadas com as armas da República. E os menores, numerosos, obram sem parar e entopem os esgotos com toneladas de ética, cidadania e transparência. Não sei como essa história vai terminar, mas sonho com a aparição de uma Janete Clair ex machina que providencie um terremoto para matar todo mundo. Ou quase: Rodolfo & ET podem sobreviver e dar origem a uma nova espécie, não sufocada pelo peso de coisas como cérebro e civilização -ergo, muito mais feliz. Ulelê, ulalalá, é a dança do ET que chegou para abalar.
25.7.05
Filmes que talvez existam um dia
"Vai, Faz um Filho Nessa Preta!" (Brasil, 2008). Direção de João Moreira Salles. Com Agnaldo Timóteo, Lázaro Ramos, Milton Gonçalves, Grande Otelo e Grande Elenco. Após a falência da esquerda brasileira, só restou a Moreira Salles narrar, num misto de documentário e ficção, a vida e a obra de Timóteo ("Olha, eu sei que ele é de direita. Mas também é negro e gay, gente, puxa vida", teria dito o diretor a amigos). O filme mescla depoimentos de pessoas importantes na carreira do vereador cantante (Cauby Peixoto, Ângela Maria, Paulo Maluf e, como special guest star mediúnico, Leonel Brizola) às interpretações de Lázaro Ramos como o jovem Timóteo e Milton Gonçalves como o Timóteo velho -ou como o jovem e o velho Madame Satã, não dá para saber com certeza. Quase todos os clássicos do cantor são revisitados, a começar por "A Casa do Sol Nascente", num emocionante dueto com Eric Burdon (nas palavras do dinossauro roqueiro, "Timóteo's the real animal, man, and I mean it!"). Destacam-se, ainda, as cenas filmadas na Galeria Alaska, no Rio, e na Câmara Municipal de São Paulo, embora seja quase impossível distinguir uma da outra: a única diferença é que, como os espectadores sabem, na Câmara a putaria é muitíssimo maior. Cotação: dez goiabas bichadas.
22.7.05
Orson Welles explica a Nouvelle Vague
Peter Bogdanovich: "Esse hábito de fazer você mesmo a montagem você adquiriu na Europa (...). Por causa das moviolas diferentes?
Orson Welles: "Exato. Nas mesas italianas e alemãs o filme não vai na grifa, por isso é totalmente silencioso. Não me preocupo mais com sala de projeção. Vou direto das filmagens para a moviola."
PB: "Alemã ou italiana..."
OW: "Certo, mas nunca francesa. A deles combina o que há de pior em todos os sistemas. Numa moviola francesa, é praticamente impossível parar com precisão num espaço de quinze quadros -o que talvez responda pela novidade estilística da Nouvelle Vague."
PB: "Moviolas ruins!"
Se bem me lembro, já disse e volto a dizer: leiam o livro de entrevistas que o também cineasta Bogdanovich fez com o Fat Man. Tem muita coisa interessante e divertida. Por exemplo, o elogio-com-ressalvas a Godard, apesar do que está aí em cima: "Seus dotes como diretor são enormes. Só não consigo levá-lo muito a sério como pensador -e é aí que divergimos de opinião, porque ele se leva". Ou a malhação de Antonioni: "Um dos motivos de eu me entediar tanto com [ele] -aquela coisa de achar que uma boa tomada vai ficar melhor ainda se você continuar olhando para ela. Ele lhe dá um plano aberto de alguém andando pela rua, da cabeça aos pés. E você pensa: 'Bom, ele não vai levar essa mulher até o fim da rua'. Mas leva. Aí a mulher some e você continua olhando a rua depois de ela ter sumido". E há muito mais. Vão lá.
Orson Welles: "Exato. Nas mesas italianas e alemãs o filme não vai na grifa, por isso é totalmente silencioso. Não me preocupo mais com sala de projeção. Vou direto das filmagens para a moviola."
PB: "Alemã ou italiana..."
OW: "Certo, mas nunca francesa. A deles combina o que há de pior em todos os sistemas. Numa moviola francesa, é praticamente impossível parar com precisão num espaço de quinze quadros -o que talvez responda pela novidade estilística da Nouvelle Vague."
PB: "Moviolas ruins!"
Se bem me lembro, já disse e volto a dizer: leiam o livro de entrevistas que o também cineasta Bogdanovich fez com o Fat Man. Tem muita coisa interessante e divertida. Por exemplo, o elogio-com-ressalvas a Godard, apesar do que está aí em cima: "Seus dotes como diretor são enormes. Só não consigo levá-lo muito a sério como pensador -e é aí que divergimos de opinião, porque ele se leva". Ou a malhação de Antonioni: "Um dos motivos de eu me entediar tanto com [ele] -aquela coisa de achar que uma boa tomada vai ficar melhor ainda se você continuar olhando para ela. Ele lhe dá um plano aberto de alguém andando pela rua, da cabeça aos pés. E você pensa: 'Bom, ele não vai levar essa mulher até o fim da rua'. Mas leva. Aí a mulher some e você continua olhando a rua depois de ela ter sumido". E há muito mais. Vão lá.
21.7.05
19.7.05
Heiliger Dankgesang
Esse é o título pelo qual ficou conhecido o terceiro e mais longo movimento ("molto adagio") do quarteto de cordas opus 132 em lá menor, uma das últimas coisas que Ludwig van Beethoven, já completamente surdo, escreveu. Na verdade, o nome -não raro, usado para designar o quarteto inteiro- é mais comprido: Heiliger Dankgesang eines Genesenen an die Gottheit, in der lydischen Tonart (Canto de Ação de Graças de um Convalescente à Divindade, no Tom Lídio; peço, desde já, desculpas por eventuais erros no alemão e na tradução). É a primeira coisa em que penso quando alguém fala em "música das esferas" -o que é, aliás, clichê nas referências à obra, classificada como "de outro mundo" provavelmente desde a primeiríssima audição. Mas o que fazer, se ela é mesmo otherworldly e se as palavras mais bem escolhidas serão sempre paupérrimas para descrevê-la? É ouvi-la, já que somos todos, em maior ou menor medida, convalescentes.
Clique na nota abaixo e ouça o terceiro movimento do quarteto opus 132 na interpretação do Alban Berg Quartett: requer um pouquinho de paciência, porque o arquivo é bem grande, mas a espera compensará. (Segundo Otto Maria Carpeaux, Aldous Huxley referia-se a esse quarteto como suficiente para convencer ateístas da existência de Deus. Talvez no tempo dele os ateus fossem melhorzinhos, menos intelectualmente surdos. Talvez.)
Clique na nota abaixo e ouça o terceiro movimento do quarteto opus 132 na interpretação do Alban Berg Quartett: requer um pouquinho de paciência, porque o arquivo é bem grande, mas a espera compensará. (Segundo Otto Maria Carpeaux, Aldous Huxley referia-se a esse quarteto como suficiente para convencer ateístas da existência de Deus. Talvez no tempo dele os ateus fossem melhorzinhos, menos intelectualmente surdos. Talvez.)
15.7.05
Pequena antologia goiabal
Marianne Moore (1887-1972)
"In America", began
the lecturer, "everyone must have a
degree. The French do not think that
all can have it, they don't say everyone
must go to college." We
incline to feel, here,
that although it may be unnecessary
to know fifteen languages,
one degree is not too much. With us, a
school -like the singing tree of which
the leaves were mouths that sang in concert-
is both a tree of knowledge
and of liberty-,
seen in the unanimity of college
mottoes, lux et veritas,
Christo et ecclesiae, sapiet
felici. It may be that we
have not knowledge, just opinions, that we
are undergraduates,
not students; we know
we have been told with smiles, by expatriates
of whom we had asked "When will
your experiment be finished?" "Science
is never finished." Secluded
from domestic strife, Jack Bookworm led a
college life, says Goldsmith;
and here also as
in France or Oxford, study is beset with
dangers -with bookworms, mildews,
and complaisancies. But someone in New
England has known enough to say
that the student is patience personified,
a variety
of hero, "patient
of neglect and of reproach" -who can "hold by
himself". You can't beat hens to
make them lay. Wolf's wool is the best of wool,
but it cannot be sheared, because
the wolf will not comply. With knowledge as
with wolves' surliness,
the student studies
voluntarily, refusing to be less
than individual. He
"gives his opinion and then rests upon it";
he renders service when there is
no reward, and is too reclusive for
some things to seem to touch
him; not because he
has no feeling but because he has so much.
("The Student", de "What Are Years", 1941. Para Dani S. e Jardinière, as mais recentes adições à minha lista de linques.)
"In America", began
the lecturer, "everyone must have a
degree. The French do not think that
all can have it, they don't say everyone
must go to college." We
incline to feel, here,
that although it may be unnecessary
to know fifteen languages,
one degree is not too much. With us, a
school -like the singing tree of which
the leaves were mouths that sang in concert-
is both a tree of knowledge
and of liberty-,
seen in the unanimity of college
mottoes, lux et veritas,
Christo et ecclesiae, sapiet
felici. It may be that we
have not knowledge, just opinions, that we
are undergraduates,
not students; we know
we have been told with smiles, by expatriates
of whom we had asked "When will
your experiment be finished?" "Science
is never finished." Secluded
from domestic strife, Jack Bookworm led a
college life, says Goldsmith;
and here also as
in France or Oxford, study is beset with
dangers -with bookworms, mildews,
and complaisancies. But someone in New
England has known enough to say
that the student is patience personified,
a variety
of hero, "patient
of neglect and of reproach" -who can "hold by
himself". You can't beat hens to
make them lay. Wolf's wool is the best of wool,
but it cannot be sheared, because
the wolf will not comply. With knowledge as
with wolves' surliness,
the student studies
voluntarily, refusing to be less
than individual. He
"gives his opinion and then rests upon it";
he renders service when there is
no reward, and is too reclusive for
some things to seem to touch
him; not because he
has no feeling but because he has so much.
("The Student", de "What Are Years", 1941. Para Dani S. e Jardinière, as mais recentes adições à minha lista de linques.)
14.7.05
A filosofia me auxilia a viver indiferente assim
Decidi me dedicar com mais afinco à altíssima ocupação de filosofar, tanto mais nobre quanto menos rentável: ganhar dinheiro com ela, já diziam Sócrates, Zenon e Biro-Biro, é coisa de Protágoras e gente de igual jaez, desprezíveis tataravôs de todos os teóricos da neurolingüiça (copyright de Uncle Filthy). Retomei um projeto antigo, o "Discurso do Mé Todo", em que busco atualizar o cartesianismo à luz da obra de Mussum ("o bom sensis é a coisa mais bem distribuída do mundis"): considerando a conjuntura político-etílica do Bananão, nada mais oportuno. E talvez escreva uma continuação da grande obra de Boécio, "A Consolação da Filosofia". Ainda não decidi se o título vai ser "A Doutor Arnaldo da Filosofia" ou "A Rebouças da Filosofia", mas estou propenso a optar pelo segundo, já que os congestionamentos na Rebouças costumam ser maiores e melhores. Filosofar com o carro parado é mais fácil, sobretudo para quem não tem câmbio hidramático.
13.7.05
Literatura aleijadinha
Já fizeram esse trocadilho? Não sei; faço-o agora. Aqui em São Paulo, inventaram uma feira de verduras e legumes literários chamada Flap, como "contraposição à Flip". Mais me agradaria ver a Festa Literária de Parati ser transferida para Ouro Preto, apenas pelo prazer de me referir ao evento pela sigla Flop ("aê, a Flop flopou, rapá"). Quem sabe um Prêmio Marília de José Dirceu para os melhores intelequituais aleijadinhos, autores daqueles livros que não conseguem parar em pé, coitadinhos. Idéias, idéias...
12.7.05
Complexo de épico
Gosto mais de Arquíloco do que de Homero ou Hesíodo, mais de música de câmara do que de sinfonias, mais de pequenos grupos de jazz do que de big bands, mais de Truffaut do que de Griffith ou Eisenstein. Claro, admiro -às vezes, muitíssimo- todos os segundos termos dessa enumeração. Só acho que eles têm pouco a ver comigo. E não sei se, a esta altura, têm algo a ver com o mundo, o que sinceramente lamento. Pensem em Homero declamando os feitos de Aquiles trepado em um caixote no acostamento da marginal Tietê. Num congestionamento, os motoristas podem até abrir o vidro do carro para comprar amendoim, jamais para ouvi-lo cantar a cólera do filho de Peleu. Mais fácil jogarem uma lata de Coca na testa do aedo, já que ele é cego e não vai saber quem foi.
(Se não me engano, foi Novalis, aquele poeta alemão com nome de analgésico, quem escreveu sobre a diferença entre os gregos e os românticos do século 19: dos primeiros haviam sobrevivido apenas fragmentos, os segundos já escreviam em pedaços. Hoje, depois de séculos de evolução, os poeteiros pararam de escrever e babam sobre seus parangolés. É muito chato que, ao contrário da mulher de Ló, tenhamos de olhar para trás se não quisermos virar estátuas de sal. Insatisfação garantida ou seu Arquíloco de volta.)
(Se não me engano, foi Novalis, aquele poeta alemão com nome de analgésico, quem escreveu sobre a diferença entre os gregos e os românticos do século 19: dos primeiros haviam sobrevivido apenas fragmentos, os segundos já escreviam em pedaços. Hoje, depois de séculos de evolução, os poeteiros pararam de escrever e babam sobre seus parangolés. É muito chato que, ao contrário da mulher de Ló, tenhamos de olhar para trás se não quisermos virar estátuas de sal. Insatisfação garantida ou seu Arquíloco de volta.)
11.7.05
A melhor notícia do dia
Uncle Filthy está no meio de nós (epa, opa). Corações ao alto!
(Niquiq o cara desembarcou no portal, já tascou uma fotaça do Odair José, que é para deixar bem claro a que veio. Espero, aliás, que Pasquale McNasty nos ensine o uso vernáculo do niquiq.)
(Niquiq o cara desembarcou no portal, já tascou uma fotaça do Odair José, que é para deixar bem claro a que veio. Espero, aliás, que Pasquale McNasty nos ensine o uso vernáculo do niquiq.)
8.7.05
Futilidade, civilização
Eu ando pelas ruas da minha cidade e penso no João da Ega d'"Os Maias". Vocês se lembram do que ele dizia sobre o Portugal do século retrasado, não? Eis: "A civilização custa-nos caríssima com os direitos da alfândega: e é em segunda mão, não foi feita para nós, fica-nos curta nas mangas". No Bananão de hoje, basta sair à rua para observar o desconforto das pessoas com a civilização: ou ela comprime os testículos ou deixa de fora pelo menos metade do rego. Não é um bonito espetáculo, senhoras e senhores. Penso também no que Valéry, ser insuportavelmente razoável, escreveu em "Tel Quel": "Les pensées, les émotions toutes nues sont aussi faibles que les hommes tout nus. Il faut donc les vêtir". Do lado de baixo do Equador é o contrário: aqui nenhuma idéia vinga se não estiver de tanga, e nosso órgão pensante é aquilo que Joãozinho Trinta chamava de "genitália desnuda". Inversamente, quem é metido a intelectual -ou seja, sai por aí mostrando que tem um cérebro- vai logo preso por atentado violento ao pudor. E não há nem sequer um Caminha para elogiar suas vergonhas saradinhas.
7.7.05
The city's darkened now
Há ocasiões em que é melhor recorrer às palavras dos outros -e, eventualmente, à música. Esta é uma delas. Então, vamos ouvir sir Noël Coward cantar. Quem quiser clique na nota aí embaixo.
"London Pride" foi composta e gravada em 1941, em outra época de escuridão. Segue a letra, para quem quiser acompanhar.
London pride has been handed down to us
London pride is a flower that's free
London pride means our own dear town to us
And our pride it forever will be
Oh, Liza, see the coster barrows
The vegetable marrows and the fruit piled high
Oh, Liza, little london sparrows
Covent Garden market where the costers cry
Cockney feet mark the beat of history
Every street pins a memory down
Nothing ever can quite replace
The grace of London town
There's a little city flower every spring unfailing
Growing in the crevices by some London railing
Though it has a latin name in town and countryside
We in England call it London Pride
London pride has been handed down to us
London pride is a flower that's free
London pride means our own dear town to us
And our pride it forever will be
Hey, lady, when the day is dawning
See the p'liceman yawning on his lonely beat
Gay lady, Mayfair in the morning
Hear your footsteps echo in the empty street
Early rain and the pavement's glistening
All Park Lane in a shimmering gown
Nothing ever could break or harm
The charm of London town
In our city darkened now, street and square and crescent
We can feel our living past in our shadowed present
Ghosts beside our starlit Thames who lived and loved and died
Keep throughout the ages London pride
London pride has been handed down to us
London pride is a flower that's free
London pride means our own dear town to us
And our pride it forever will be
Grey city, stubbornly implanted
Taken so for granted for a thousand years
Stay, city, smokily enchanted
Cradle of our memories, our hopes and fears
Every blitz your resistance toughening
From the Ritz to the Anchor and Crown
Nothing ever could override
The pride of London town
"London Pride" foi composta e gravada em 1941, em outra época de escuridão. Segue a letra, para quem quiser acompanhar.
London pride has been handed down to us
London pride is a flower that's free
London pride means our own dear town to us
And our pride it forever will be
Oh, Liza, see the coster barrows
The vegetable marrows and the fruit piled high
Oh, Liza, little london sparrows
Covent Garden market where the costers cry
Cockney feet mark the beat of history
Every street pins a memory down
Nothing ever can quite replace
The grace of London town
There's a little city flower every spring unfailing
Growing in the crevices by some London railing
Though it has a latin name in town and countryside
We in England call it London Pride
London pride has been handed down to us
London pride is a flower that's free
London pride means our own dear town to us
And our pride it forever will be
Hey, lady, when the day is dawning
See the p'liceman yawning on his lonely beat
Gay lady, Mayfair in the morning
Hear your footsteps echo in the empty street
Early rain and the pavement's glistening
All Park Lane in a shimmering gown
Nothing ever could break or harm
The charm of London town
In our city darkened now, street and square and crescent
We can feel our living past in our shadowed present
Ghosts beside our starlit Thames who lived and loved and died
Keep throughout the ages London pride
London pride has been handed down to us
London pride is a flower that's free
London pride means our own dear town to us
And our pride it forever will be
Grey city, stubbornly implanted
Taken so for granted for a thousand years
Stay, city, smokily enchanted
Cradle of our memories, our hopes and fears
Every blitz your resistance toughening
From the Ritz to the Anchor and Crown
Nothing ever could override
The pride of London town
6.7.05
Pretty, pretty, pretty, pretty Peggy Sue
Aviso à praça: não sou o Buddy Holly, embora também tenha morrido em 3 de fevereiro de 1959, o dia em que a música bateu as botas (a poesia, como sabeis, já fizera isso em Auschwitz, uns 14 anos antes. Falta matar o cinema, mas me disseram que algum brasileiro o conseguirá em breve). Também não sou o Big Bopper, ainda que cumprimente as mulheres que conheço com um "heeelloooo, baaaaaby!". Muito menos sou o Ritchie Valens, apesar do cucarachismo irredimível. Em verdade vos digo: para pegar na djambra se necessita una poca de graxa. Ay, arriba y arriba.
5.7.05
Doze meses esta noite
Wunderblogs.com, o livro, foi lançado há exatamente um ano.
De lá para cá, o petê balança e ameaça cair. Ondas gigantes devastaram a Ásia. João Paulo 2º morreu, e um sósia do Jorge Dória assumiu o papado. A Mega Sena acumulou. Michael Jackson foi inocentado, e a Ponte Preta lidera o Campeonato Brasileiro.
Coincidência?
(Melhor se lido com a voz do Jack Palance.)
De lá para cá, o petê balança e ameaça cair. Ondas gigantes devastaram a Ásia. João Paulo 2º morreu, e um sósia do Jorge Dória assumiu o papado. A Mega Sena acumulou. Michael Jackson foi inocentado, e a Ponte Preta lidera o Campeonato Brasileiro.
Coincidência?
(Melhor se lido com a voz do Jack Palance.)
Método Guava de fazer inimigos e alienar pessoas
Na dúvida, opte sempre pela atitude mais irritante. Exemplo grátis: morando no Bananão, não desperdiçar uma única oportunidade de falar mal de sambistas. Fazer alusões mais ou menos sutis a coisas como falta de dentes, verminose, alto teor alcoólico, aquela cadela pelada do poema da Isabel Bispo etc. E, sobretudo, não se esquecer de esconder os CDs de Monsueto Menezes, Adoniran Barbosa, Geraldo Pereira e Wilson Batista atrás dos César Francks. Porém, se convidado para um encontro de wunderbloggers, aquela gente fresca que sabe direitinho a diferença entre Merlot, Chardonnay e Chapinha, virar o disco: ir de chapéu de cangaceiro, sandália de couro cru e sanfona (triângulo e zabumba, claro, também servem) e resumir as suas intervenções -muitas- nas conversas alheias, todas naquele inglês eduardiano, a cantar "eu já dancei balancê, chamego, samba e xerém". Não falha.
4.7.05
2.7.05
Live Aids (Aids ao vivo)
Sítios noticiosos dizem que o Live 8, evento do irlandês mala Bob Geldof concebido para encher o bolso de alguns ditadores africanos, vai ressuscitar a "formação original" do Pink Floyd. Puxa, essa eu quero ver -não é todo dia que a TV transmite ao vivo Syd Barrett babando no microfone. Assim eu até fico feliz em ajudar o Mugabe. Fora o fato de o Brasil ser condignamente representado: "we don't need no education" é nóis na fita, mano.
1.7.05
Idéia para uma charge dantesca
Seu Virgílio é o ascensorista de uma grande loja de departamentos. Quem o conhece assegura que é o homem mais paciente do mundo. Nenhum outro agüentaria fazer o mesmo trabalho por milênios, dizendo sempre as mesmas coisas naquela voz monocórdia: "Segundo andar, luxuriosos. Quarto andar, avaros, pródigos. Quinto andar, iracundos. Sexto andar, heréticos. Sétimo andar, tiranos, assassinos, salteadores, suicidas, dissipadores, blasfemos, sodomitas, usurários. Oitavo andar, sedutores, aduladores, simoníacos, mágicos, adivinhos e embusteiros similares, corruptos e prevaricadores, hipócritas, semeadores de ódios, divisões e discórdias, falsários. Nono andar, traidores do sangue, da pátria, dos amigos, dos benfeitores". Como se vê, a loja é pessimamente planejada: a primeira pergunta dos clientes é "Quem foi o arquiteto dos infernos que fez isto?", normalmente seguida por uma resposta do tipo "Sei não, mas acho que é coisa do Niemeyer". Nada disso incomoda nosso ascensorista. Tampouco o fato de o elevador estar sempre lotado de gente fazendo séquiço, matando a si mesma e aos outros, queimando dinheiro ou emprestando a juros obscenos, praticando a alquimia, tendo ataques apopléticos, xingando Deus etc. Seu Virgílio, imperturbável no uniforme made in Mântua, não está nem aí. Afinal, ele sabe que a eternidade é assim mesmo, eternamente.
(Outra charge. Pequeno diálogo entre seu Virgílio e um ocupante do elevador: "Nossa, que roupa bonita essa sua! Muito chique, mas muito mesmo. Sabe que meu sonho sempre foi ser ascensorista? Juro, acho uma profissão linda." "Oitavo andar, pode descer.")
(Outra charge. Pequeno diálogo entre seu Virgílio e um ocupante do elevador: "Nossa, que roupa bonita essa sua! Muito chique, mas muito mesmo. Sabe que meu sonho sempre foi ser ascensorista? Juro, acho uma profissão linda." "Oitavo andar, pode descer.")