29.6.02

GOIABA MOVIE GUIDE

Como identificar uma legítima pornochanchada

Pornochanchada (caso vocês, leitores-fedelhos, não saibam) é aquele tipo de filme brasileiro, popularíssimo nos anos 70, que adicionava à receita das antigas chanchadas muitas doses de séquiço, nunca explícito. Esses filmes eram financiados pelos contribuintes, via Embrafilme -o que talvez explique a queda do regime militar e a idéia de que "bom cinema" e "Brasil" são mais ou menos como "Kevin Bacon" e "filme bom", não se misturam.

Quem assiste ao canal Brasil, na TV por assinatura, certamente já teve contato com algumas obras-primas da pornochanchada. Mas às vezes é difícil diferenciá-las dos filmes "sérios": o som, por exemplo (aparentemente gravado de dentro de um barril), é a mesma merda em todos. Pensando nisso, este seu criado, "Ruy Ewald Filho", compilou dicas preciosas para descobrir se a porcaria que você está vendo é ou não uma pornochanchada.

1. Cuecas vermelhas. Toda pornochanchada tem pelo menos um homem usando essa elegante peça do vestuário masculino. Em 99% dos casos, é o amante que se esconde sob a cama ou dentro do armário quando o marido chega; e, em 90% das cenas, o homem-cueca é o David Cardoso.

2. Uso inteligente do duplo sentido. Os roteiristas de pornochanchada desenvolveram técnicas sofisticadíssimas para escrever sacanagens perceptíveis apenas pelos espectadores de inteligência superior. Isso resultou em frases como "vou fazer cooper para ficar com o cooper feito" ou "quero o bife cru, porque eu adoro comer um cru". A presença delas num filme é forte indício de que se trata de uma pornochanchada.

3. Presença de Monique Lafond, Aldine Müller, Helena Ramos ou Nicole Puzzi. Mas tem que ser uma de cada vez, no máximo duas. Se forem as quatro juntas -e, pior, com Tarcísio Meira fazendo cara de crise existencial-, você está vendo um filme do Walter Hugo Khouri. Mude de canal, rápido.

4. Emprego intensivo da sonoplastia. Os sonoplastas das pornochanchadas, pessimamente remunerados, deviam ganhar comissões pela quantidade de efeitos sonoros que conseguissem incluir num filme. O melhor exemplo disso é "O Bem-Dotado - O Homem de Itu", em que se ouve um "tóimmm" a cada vez que alguma moça confere os dotes do Nuno Leal Maia.

5. Anãozinho falando palavrão. Em "Histórias que Nossas Babás Não Contavam", Adele Fátima, que fazia a Branca das Neves, tinha como companhia alguns anõezinhos de boca suja; só uma pornochanchada mostraria uma coisa dessas. Se não for anãozinho, mas sim o Paulo Cesar Peréio dizendo "porra", muda tudo: você está diante de um filme de arte. Fuja correndo.
EU NÃO LEIO O PURAGOIABA 5

Jabaury Jr. não lê o puragoiaba por um motivo simples: este blog é poooooooobre (a palavra deve ser pronunciada lentamente e com uma boquinha de nojo). Seu autor não é chique nem famoso, tampouco tem R$ 30 mil para gastar com "divulgação". Mas esse rapaz ainda há de rastejar por uma entrevista comigo.

You're gonna hear from me, Jabaury.

EU NÃO LEIO O PURAGOIABA 4

Mercedes Sosa não lê o puragoiaba. Ela acredita que los blogs no sirven para conscientizar los hermanos de Latinoamérica. Ora, é só ela me emprestar o bumbo, que eu me torno um goiaba conscientizador; a flauta andina eu já tenho.

28.6.02

HUMOR INDIGENTE

Depois de minuciosas pesquisas antropológicas, cheguei à conclusão de que um dos traços marcantes da personalidade do brasileiro, inacreditavelmente, jamais foi discutido por "ólogos" de qualquer espécie. Trata-se do que eu chamo de "humor indigente". Não pobre, vejam bem; nem, simplesmente, sem graça. É um humor que, de tão tosco, subdesenvolvido e terceiro-mundista, chega a ser comovente -e até engraçado.

Há abundantes exemplos de humor indigente para quem sintonize os canais da TV aberta. Mas este blog, consciente de seu papel na preservação do patrimônio histórico da cultura inútil, vai relembrar obras-primas da indigência humorística -dignas de ser fotografadas pelo Sebastião Salgado, mas que se perderam na poeira do tempo (oh!). Vamos a elas, portanto.

1) O saco do pobre. Martim Francisco, comediante já falecido, era um baixinho careca que interpretava o Padilha, personagem do programa do Jô Soares há uns vinte anos (aquele do "vai pra casa, Padilha!"). Do Padilha, é possível que algum ser paleolítico como eu ainda se lembre. Mas ninguém se recorda do quadro em que o Martim fazia um mendigo que circulava com um saco, gritando: "Ajude a encher o saco do pobre!". Alguém chegava perto e dizia: "Não tenho dinheiro, mas tenho uma carteira vazia. Serve?". Ao que o carequinha respondia: "Claro que serve. Carteira vazia é ótima para encher o saco do pobre". Genial, não?

2) O cantor da Costa Rica. Feliz é sinônimo de humor indigente. Alguns ainda devem se lembrar de suas intervenções como "imbecil do tempo" no telejornal (?) "Aqui Agora", sempre finalizadas por um "piririm, pororom!". Muitos anos antes, contudo, Feliz era uma das estrelas do programa de Moacyr Franco (outro deus do humor miserável) na TV Bandeirantes. Em um dos quadros, um show de calouros, Moacyr recebia um cantor de boleros -ninguém senão o nosso amigo Feliz, enrolando seu portunhol. O apresentador perguntava: "De onde você é?". Feliz virava de costas para a câmera, mostrava uma profusão de colares pendurados no seu paletó e explicava: "Costa Rica".

O que vocês acham? Não é mesmo um humor digno de figurar abaixo de Serra Leoa no IDH? Comovente, comovente...


EU NÃO LEIO O PURAGOIABA 3

Stevie Wonder não lê o puragoiaba. (Depois deste post, acho que vocês também não. Vão fazer alguma coisa mais útil, please.)

EU NÃO LEIO O PURAGOIABA 2

Oscar Wilde também não lê o puragoiaba, mas é só porque ele já morreu. Se vivo fosse, morreria de inveja do meu "wit". (Putz, agora bati todos os recordes de megalomania e imodéstia.)

EU NÃO LEIO O PURAGOIABA 1

Numa iniciativa provavelmente inédita no mundo dos blogs, o puragoiaba abrirá espaço para seus "inimigos": aqueles que não lêem o blog, têm raiva de quem lê e acham que eu já deveria ter virado suco de goiaba faz tempo. O primeiro da lista é o Doutor Gori -à direita na foto abaixo-, que, além de ser um macaco ridiculamente loiro, é um artista conceitual e performático e se sente pessoalmente ofendido com as referências desairosas que este blog faz à sua espécie. Só estou a salvo porque, por enquanto, ele continua empenhado em destruir Tóquio primeiro.

ADENDO AO GOIABA MOVIE GUIDE

Lembrei só agora: há um filme que reúne três das "qualidades" que mencionei abaixo. Tem o Kevin Bacon no elenco, música-tema de outro barbudinho (Kenny Loggins, bleargh) e seu título em português é "Footloose - Ritmo Louco". Já passou na "Sessão da Tarde" umas duzentas vezes, mas, se você nunca viu, fuja.

27.6.02

A GUERRA DOS MUNDOS

Olhem só o perigo que estamos correndo! Confiram esta chamada da revista "Bravo!" que está na página de abertura do UOL: "A inquietação da arte contemporânea invade São Paulo".

Fico imaginando exércitos de artistas conceituais (os "fascistas duchampianos") embrulhando a cidade inteira em papel crepom, tirando fotos coletivas de gente feia pelada, substituindo, nos supermercados, os potes de maionese Hellmann's por vidros com um tolete dentro e fazendo performances -exibidas num videowall- com os dejetos não-biodegradáveis do Tietê. Socorro! Alguém chame depressa o Spectreman-man-man!



GOIABA MOVIE GUIDE

Vou começar a exercitar meu lado Rubens Ewald Filho. E não é o lado de trás, seus pervertidos: escreverei dropes sobre cinema para telespectadores goiabais. Podemos iniciá-los com dicas práticas e infalíveis para fugir de filmes-bomba. Vamos lá:

1) Nenhum filme que tenha mais de um título original pode ser bom. Geralmente, são co-produções EUA-Hong Kong-Trinidad y Tobago, com altíssimas chances de ter servido para lavar dinheiro do narcotráfico. O melhor exemplo de que me lembro é um horrível filme de horror protagonizado pelo Alice Cooper, que está na minha lista dos dez piores de todos os tempos. É uma produção hispano-americana-porto-riquenha, conhecida por quatro títulos: "The Bite", "Monster Dog", "Leviatán" ou "Los Perros de la Muerte" (esse último é o meu preferido). Pretendo falar mais sobre essa obra-prima nos próximos posts.

2) Nenhum filme cujo título em português tenha uma "frasezinha didática" pode ser bom. Por exemplo, "Jerry Maguire - A Grande Virada", "O Indomável - Assim É Minha Vida", "Patch Adams - O Amor É Contagioso", "Karatê Kid 3 - A Hora da Verdade Continua", e assim por diante. Recuso-me a despender a grana do ingresso em filmes com títulos ridículos, trilha sonora do Peter Cetera e/ou Robin Williams barbudinho.

3) Nenhum filme com Kevin Bacon pode ser bom. Algum cinéfilo há de lembrar: "Ah, mas ele trabalhou em 'JFK', 'Apollo 13'". Então, esses filmes são uma bosta -e, se alguém os achou bons, só pode ser uma ilusão de ótica. "Kevin Bacon" e "filme bom" são, como água e azeite, mutuamente excludentes.

O BREGA GLOBALIZADO

E a Globo voltou à sua habitual alternância entre novelas -umas faladas em baianês e outras, no mais puro dialeto da Mooca. Está certíssimo quem chamou a nova novela de "Semelhança" e o autor de Benedito Ruym Barbosa. Mas desta vez há, pelo menos do ponto de vista goiabal, algo que agrega valor: a presença de monsieur Gilbert. Vocês sabem: é aquele egípcio que canta músicas melosas em francês e interpreta, ao que parece, um judeu que é pai da Ana Paula Arósio (poverella...). Globalização é isso aí, moçada. Só falta o personagem cantar uma versão em italiano de "F... Comme Femme" (em português, "F de Mulher").

25.6.02

AS CERTINHAS DO RUY

Você está cheio de ver neste blog coisas horrendas como a foto do Evê Sobral, alguns posts abaixo? Não agüenta mais citações de Ezra Pound, John Donne e Ronnie Von? Pois o puragoiaba, fiel à máxima "vox populi, vox Dei", atenderá ao tonitruante clamor das massas e exibirá o que 101% dos blog-espectadores homens do sexo masculino querem ver: mulé.

É claro que o conceito (hum...) do blog tem de ser preservado. Assim, as mulheres desta nova seção, "as certinhas do Ruy", distinguem-se por seus altos índices de charme, swing, veneno -e, sobretudo, de goiabice. Vamos iniciá-la com a maior de minhas musas inspiradoras, a madrinha das "certinhas".



Julie London (1926-2000)

Com todo o sucesso que fez logo na estréia -seu primeiro disco, "Julie Is Her Name", continha a hoje clássica "Cry Me a River"-, Julie London sempre foi terrivelmente subestimada como cantora. Talvez um pouco disso se deva à exploração dos seus (inegáveis) dotes físicos. A foto acima, por exemplo, consta da capa de "Calendar Girl", de 1956 -que tem outras onze, uma para cada mês do ano (confira neste site em homenagem à cantora).

O fato é que, cantando, Julie também batia um bolão -e isso custou a ser reconhecido. Ninguém, na minha parcialíssima opinião, interpretou "It Never Entered My Mind" (Rodgers & Hart) melhor do que ela. Se você duvida, vá atrás e ouça (essa música também está no "Julie Is Her Name"). O post já ficou longo, mas não resisto à tentação de colocar a letra aqui.

Once I laughed when I heard you saying
That I'd be playing solitaire
Uneasy in my easy chair
It never entered my mind

Once you told me I was mistaken
That I'd awaken with the sun
And order orange juice for one
It never entered my mind

You had what I lack, myself
And now I even have to scratch my back myself

Once you warned me that if you scorned me
I'd say a maiden's prayer again
And wish that you were there again
To get into my hair again
It never entered my mind





PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 10

Ezra Pound (1885-1972)

Come, let us pity those who are better off than we are.
Come, my friend, and remember
that the rich have butlers and no friends,
And we have friends and no butlers.
Come, let us pity the married and the unmarried.

Dawn enters with little feet
like a gilded Pavlova,
And I am near my desire.
Nor has life in it aught better
Than this hour of clear coolness,
the hour of waking together.


("The Garret", 1916)


PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 9

John Donne (1572-1631)

"All mankind is of one author, and is one volume; when one man dies, one chapter is not torn out of the book, but translated into a better language; and every chapter must be so translated. God employs several translators; some pieces are translated by age, some by sickness, some by war, some by justice; but God's hand is in every translation, and his hand shall bind up all our scattered leaves again for that library where every book shall lie open to one another."

(Trecho do Sermão XVII de "Devotions Upon Emergent Occasions", 1623. Foi desse texto que Ernest Hemingway tirou o título de "Por Quem os Sinos Dobram". Não sei em que medida acredito na história da "biblioteca" -mas que é bonita, isso é.)
PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 8

Padre Antônio Vieira (1608-1697)

"Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e, como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: 'Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?'. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito os Alexandres."

(Trecho do "Sermão do Bom Ladrão", 1655. Comentários sobre sua atualidade são, obviamente, desnecessários.)
MAIS DEUSES NO PANTEÃO

Fiz dois acréscimos ao panteão dos deuses da cafonice. O primeiro, Odair José, dispensa comentários -e vocês ainda terão o privilégio de ouvir a musiquinha de abertura do site, coisa que me é impossível (que bom estar com a placa de som escangalhada...).

O segundo é o site do inacreditável Evê Sobral. Se você não tiver nada melhor para fazer no início da noite de sábado -por exemplo, tratamento de canal ou operação de apêndice-, eu recomendo o programa que esse cara conseguiu levar ao ar na CNT de São Paulo, "Spa Fantasia". Vejam só a atração do último episódio mencionado no site: "O eterno galã Jonas Mello vira gay!".

Sem brincadeira, nem eu consegui assistir a essa coisa inominável por mais de 30 segundos. Acho que só a foto "casual" do Evê, aí embaixo, já dá uma idéia do "freak show". Afe!


ATIREI O PAU NO GATO-MESTRE

Como dizia o Bob Fields, monopólio é mesmo una mierda: a Globo, dona da bola, está se superando na concentração de chatice por centímetro cúbico nesta Copa. Como se Galvão Bueno e Márcio Canuto não fossem suficientes, ainda inventam um personagem escrotíssimo como esse Gato-Mestre. Seria ótimo se todos eles fossem mandados para aquele shopping center do Jamanta, para ser devidamente explodidos (se bem que isso também não daria certo. Imaginem o Galvão emergindo dos escombros e gritando "Jamanta não morreu!". Deus nos livre).

21.6.02

DESMORALIZAÇÃO GOIABAL A CAMINHO?

Pois é, vejam vocês. A selecinha está nas semifinais, com Leci Brandão sambando no pé e, depois, entrando de sola (literalmente). Quem disse que o meio-de-campo é necessário?

20.6.02

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 7

George Gordon, Lord Byron (1788-1824)

So, we'll go no more a-roving
So late into the night,
Though the heart be still as loving,
And the moon be still as bright.

For the sword outwears its sheath,
And the soul wears out the breast,
And the heart must pause to breathe,
And Love itself have rest.


(Trecho de "So, We'll Go No More A-Roving", 1817. Eu já disse isso faz algum tempo, mas digo de novo para que vocês se lembrem, crianças: a espada gasta a bainha, a alma gasta o peito. E o coração precisa parar para respirar.)

18.6.02

BREGA'S BANQUET 41

Robertinho de Recife: eu estava demorando para citar esse cara aqui no puragoiaba. Entre outros feitos históricos, o guitarrista acompanhou Fagner na gravação de "Deslizes" e montou o grupo Yahoo, uma espécie de sub-Roupa Nova cuja obra-prima se chamava "Mordida de Amor" ("Eu não quero tocar em você, oh, baby/ E fazer seu jogo vai me deixar louco...").

Mas o melhor do Robertinho foi a fase em que ele tentou ganhar uma grana fazendo-se passar por "metaleiro", logo depois do primeiro Rock in Rio. É dessa época o disco "Metal Mania", cuja audição recomendo entusiasticamente aos meus piores inimigos. Ele contém "Gata", que é uma inacreditável versão em português de "Wild Thing" ("Gaaataaa!/ Gatinha loooucaaa!/ Gaaataaa!/ Gata selvaaageeem!"). Mas seu highlight é mesmo a faixa-título:

É metal mania
Que me deixa doidjo
Rock na cabeça
É o que a gente quer
Bate o pé, bate a mão
A cabeça e o coração...


Gosto tanto desse lixo que até adaptei a letra para transformá-la numa espécie de hino deste blog. Vamos lá, moçada, sigam a bolinha! Todo mundo cantando com o Ruy:

É puragoiaba
Blog de bom gosto
Merda na cabeça
É o que a gente tem
Bate o pé, bate a mão
Traumatismo e contusão...





LEMBRANÇAS DA DÉCADA PERDIDA

Pois é, PMD, a história do "vai passear de over" atesta a provecta idade deste goiaba que vos escreve. Isso vem de um comercial de consórcio que passava na TV, em São Paulo, na segunda metade dos anos 80. Luiz Gustavo, em sua habitual interpretação "mico preto", falava das vantagens de comprar um carro pelo tal consórcio, e uma voz em "off" respondia que preferia aplicar o dinheiro no over*. Até que o Mário Fofoca diz: "Tá bom, eu vou passear no meu carro. E você vai passear de quê, de over?".

Sim, eu sei que não tem nenhuma graça -e é tão podre quanto máscara de Carnaval com a cara de José Ribamar Sarney. Mas ninguém passou pelos anos 80 impunemente.

* Sem sacanagem, meninada. Over -ou overnight- era uma aplicação que visava repor as "percas" inflacionárias. É claro que agora, com Efe Agá, tudo isso mudou. Temos frango, iogurte, dentadura e, sobretudo, sacanagem à farta. No pior sentido.
PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 6

T.S. Eliot (1888-1965)

"You gave me hyacinths first a year ago;
They called me the hyacinth girl."
—Yet when we came back, late, from the Hyacinth garden,
Your arms full, and your hair wet, I could not
Speak, and my eyes failed, I was neither
Living nor dead, and I knew nothing,
Looking into the heart of light, the silence.
Oed' und leer das Meer.


(Trecho de "The Waste Land", 1922. O verso final, em alemão, foi retirado de "Tristão e Isolda", de Richard Wagner, e quer dizer "vazio e imenso é o mar". Há mais a explicar, mas acho que vocês, a esta altura, já estão dormindo. Então, que se fueda.)
TRAIDORES DO UNDERGROUND

Assim não dá. Agnaldo Timóteo, a encarnação do inconsciente coletivo brasileiro, rendeu-se ao mainstream da "Casa dos Artistas" (bem, talvez o "inconsciente coletivo" seja mesmo algo semelhante àquele cafofo). Do mesmo modo, Dadá Maravilha, o inventor do dadaísmo, foi abduzido pela Globo -e, durante a Copa, não mencionou a "banguela convexa" uma só vez!

Por enquanto, esses traidores do underground ficarão na geladeira do puragoiaba. Só espero que o Odair José não me decepcione.



SAI DESSE RÁDIO QUE ELE NÃO TE PERTENCE

Como diria o velho Coffin Joe, "espíritos maligno" estão "praticameeente" ressuscitando as piores aberrações do roque oitentista. Nos últimos anos, saíram de suas tumbas Capital Inicial, RPM, Ritchie e até mortos-vivos da quinta divisão, como Zero e Uns e Outros. Como se já não houvesse lixo radiofônico suficiente e fosse necessário reciclar o de 15 ou 20 anos atrás. Alguém precisa chamar o Max von Sydow, depressa.

16.6.02

QUEM É QUE SOBE?

Você, obrigado a assistir à Copa pela Globo, também está no "limite extremo" da paciência? Então dê uma olhada neste blog: Eu Odeio o Galvão Bueno. Toda a inteligência e a sabedoria do "penteador de macacos" em um lugar só.

14.6.02

NOS BRAÇOS DE MORFEU 2

E aguardem, nos próximos posts do puragoiaba, estas atrações absolutamente irresistíveis: as íntegras da "Divina Comédia", do "Paraíso Perdido", de "Ulysses" e de "Os Maribondos de Fogo".

Tudo traduzido para o galego, é claro.
NOS BRAÇOS DE MORFEU

Ô, meu caríssimo PMD, quem disse que a intenção deste blog não é ser também um sonífero de altíssima eficácia? Daqui a pouco, eu posto a íntegra de "O Triunfo da Vida", do Shelley, que tem mais de 500 versos: já na segunda estrofe, você dormirá e só acordará novamente na Copa de 2006. "Garantido, nô?"

Você também pode pular a poesia e ir direto ao que interessa, Pedrinho Mattar e Ronnie Von. Ou então vai passear de over...

12.6.02

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 5

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.

Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.

Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.

E eles quedam mordidos para sempre.
Deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.


("Destruição", 1962)

O AMOR É LINDO, MAS ARUBA É MAIS

Hoje é um dia especial para todos os casais que acreditam naquele maravilhoso sentimento que, vocês sabem, também é nome de paçoca. Se eu não fosse uma tecnocapivara, já teria transformado o template deste blog nalguma coisa mais meiga. Quem sabe incluir alguns arquivos em MIDI; quem abrisse a página seria obrigado a escutar versões de "Take a Look at Me Now (Against All Odds)", do pouca-telha Phil Collins, ou "Hello", do bigodudo Lionel Richie (é, aquela do videoclipe da mocinha cegueta). Tudo isso acompanhado de textos em galego.

Viram como minha ignorância informática pode ser benéfica? De todo modo, deixo aqui este brega's banquet especial: um legítimo Ronnie Von (a "mãe de gravata"), que traduz como ninguém o que passa pelos corações apaixonados. É piegas, mas e daí? Como diria a Ali MacGraw, "blogar é nunca ter de pedir perdão".

Eu aaamo amar vocêêê
Puxa, como eu aaamo amar vocêêê...

11.6.02

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 4

Rosalía de Castro (1837-1885)*

Deja que en esa copa en donde bebes
dulzuras de la vida
una gota de hiel, una tan sólo
mi dolorido corazón exprima.

Comprenderás entonces
cómo ablanda el dolor la piedra fría,
aunque ablandar no pueda
almas de hierro y pechos homicidas.


("Deja que en esa copa en donde bebes", 1880)

* Acredito que valha uma "nota de rodapé": Rosalía de Castro escreveu a melhor poesia do romantismo espanhol (na minha modesta e discutível opinião). Contudo, sendo mulher e tendo escrito a maioria de seus poemas em galego (sim, senhores), custou muitíssimo a receber o reconhecimento a que fazia jus.

Aliás, é em galego o original desses versos aí em cima: pus a tradução em espanhol para não espantar quem ainda não deu no pé depois daquele Valéry. Pensando bem, que se fueda. Acho que vou escrever o puragoiaba inteirinho em galego.

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 3

John Keats (1795-1821)

Heard melodies are sweet, but those unheard
Are sweeter; therefore, ye soft pipes, play on;
Not to the sensual ear, but, more endear’d,
Pipe to the spirit ditties of no tone.


(Trecho de "Ode on a Grecian Urn", 1820)
AÇÃO E REAÇÃO

Vocês sabem que o pianista Pedrinho "Disque M para Mattar" é uma das obsessões deste blog. Pois ontem à noite eu consegui assistir ao "Pianíssimo", o programa que ele comanda na Rede Vida. Nosso herói, elegantemente trajado com uma casaca azul brilhosa, atendia aos pedidos dos telespectadores -trilhas de filmes compostas pelo Henry Mancini, por exemplo.

Pensei em mandar uma cartinha solicitando a execução do "Bife" ou de algum grande sucesso da música contemporânea, como o "Bonde do Tigrão". Obviamente, não quero que ele toque: o objetivo é apenas fazer o pianista dizer, no ar, seu primeiro palavrão cabeludo em uns 500 anos de carreira ("vá tomar no olho do seu cu", por exemplo). Eu hei de conseguir, vocês vão ver.

10.6.02

PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 2

William Butler Yeats (1865-1939)

Speech after long silence; it is right,
All other lovers being estranged or dead,
Unfriendly lamplight hid under its shade,
The curtains drawn upon unfriendly night,
That we descant and yet again descant
Upon the supreme theme of Art and Song:
Bodily decrepitude is wisdom; young
We loved each other and were ignorant.


("After Long Silence", 1933)




PEQUENA ANTOLOGIA GOIABAL 1

Vamos voltar à nossa programação normal, com o melhor do Carnaval. Começo hoje uma seção que não tem absolutamente nada a ver com os acontecimentos. A "pequena antologia" trará os versos preferidos deste goiaba que vos escreve (exceto os versinhos adesivos das Gotas de Pinho Alabarda, que merecem tratamento à parte). Vou começar com um Paul Valéry sem tradução, que é para ver se vocês fogem correndo. Que tal?

Paul Valéry (1871-1945)

Comme le fruit se fond en jouissance,
Comme en délice il change son absence
Dans une bouche où sa forme se meurt,
Je hume ici ma future fumée,
Et le ciel chante à l'âme consumée
Le changement des rives en rumeur.


(Trecho de "Le Cimetière Marin", 1920)

PALPITEIROS MICROFONADOS

Eu sei, eu sei. Estou falando demais do "acontecimento" Copa para um blog que sempre se gabou do próprio tédio em relação aos événements. Mas futebol, como vocês devem saber, é a pura bananada de goiaba. Assim, deixo registrado: estou achando uma delícia que todas as previsões dos "especialistas" -e põe aspas nisso- estejam se esboroando. Antes do Mundial, a França, campeã de 1998, era favoritíssima; agora, é bem possível que nem passe da primeira fase. A Argentina, do "genial" Verón, perdeu para a Inglaterra -e o careca, que não jogou nada, deve ficar no banco contra a Suécia. A Alemanha, "em decadência", fez oito gols na Arábia Saudita (certo, é um time fraquíssimo, mas uma goleada dessas não é desprezível). E por aí vai.

É comum que surpresas aconteçam numa Copa. Mas também isso comprova, mais uma vez, que os sujeitos que comentam futebol na televisão, no rádio e nos jornais são, ressalvadas as chamadas "exceções honrosas", palpiteiros com um microfone ou um computador nas mãos -tão torcedores quanto eu e você.

Só falta agora a selecinha do Pré-Scolari ser campeã. Será a desmoralização de todos esses caras. A minha também, aliás.



6.6.02

AGORA VAI

Novidades da selecinha: Pré-Scolari vai tirar Edmílson e pôr Anderson Polga na zaga do Brasil. Formidável. Desse jeito, dá vontade de suspender a aposentadoria do "xerife" Moisés e do Beto Fuscão. Esses, sim, matavam as jogadas -e, se o atacante adversário também morresse, tanto melhor.
RUY GOIABA'S LONELY HEARTS CLUB BAND

Faz tempo que eu não falo daquele lindo sentimento que é nome de paçoquinha, né? Bem, há pouco tempo, eu e uma amiga conversávamos sobre isso. À semelhança daquelas resoluções de Ano Novo feitas para não ser cumpridas, nós prometemos nunca mais nos entregar aos "excessos mexicanos" da paixão, essa coisa ridícula para além de toda goiabice.

Só que não tem jeito. Estamos sempre muito longe do velho Sófocles, na "República" platônica ("Falemos baixo! Libertei-me do amor como quem se liberta de um senhor colérico e truculento"), e excessivamente próximos da Marilyn Monroe cantando "I'm Through With Love" em "Quanto Mais Quente Melhor". O pior de tudo é correr o risco de, no final, ganhar algo equivalente a um beijo do Tony Curtis vestido de mulher. Argh.

O PEIXE MORRE PELA BOCA

Teto ser discreto, mas não tem jeito: deixei um comentário no Morfina que permite a qualquer pessoa que more em São Paulo me identificar a 500 metros de distância. Paciência: vamos torná-lo público. Se você vir por aí um sujeito alto (1,85 m) e gordo, só aparentemente grávido, com uma Bic atrás da orelha, vestindo uma camiseta com os dizeres "o jeito é Jânio" -presente do pessoal da Vila Maria-, bermuda estilo enforcado-pelas-calças e chinela Rider, há 99,9% de chances de que seja eu. Como não sou careca nem uso bigode, ninguém correrá o risco de me confundir com o dono da padaria. Minha padoca é apenas virtual.

5.6.02

MAIS AFINIDADES ELETIVAS

A Distie, dona do Quatro Mãos e Um Teclado, faz com que eu me sinta menos só nas minhas idiossincrasias literárias. Por exemplo, a moça aprecia, como eu, os epigramas do romano Marco Valério Marcial (40-104 d.C.) e as máximas do francês La Rochefoucauld (1613-1680) (com todo esse bom gosto, não entendo como ela ainda lê o puragoiaba, mas deixa pra lá).

O primeiro deles é um dos principais nomes de um período da literatura latina que é visto, hoje, como "decadente" na comparação com o período anterior, no qual se destacaram Horácio e Virgílio. Grande injustiça, na minha opinião: tanto Petrônio, já citado neste blog (lá atrás), quanto Sêneca, para citar apenas dois exemplos, batiam um bolão na mesma época. Marcial era especialista em epigramas satíricos, como o que transcrevo abaixo (tradução de José Dejalma Dezotti):

Aqui lês dois versos bons, três passáveis, mil ruins.
Não há outro modo, Avito: um livro se faz assim.


Quanto ao segundo, tudo o que eu queria era me chamar François Sixième de la Rochefoucauld e viver na corte de Luís 14, fazendo comentários sarcásticos sobre a vaidade dos homens, de olho comprido nos decotes das madames e usando aquelas perucas empoeiradas. Deixo aqui uma das máximas dele ("nous avons tous assez de force pour supporter les maux d'autrui"), que foi muito bem adaptada para o português pelo Machado de Assis ("suporta-se com paciência a cólica alheia").


TARÔ TORRADO E MOÍDO

Quem mora em São Paulo já deve ter visto, em alguns postes, horrendos cartazes cor-de-rosa em que se anunciam os serviços de uma certa vovó Maria Conga. Não sei se o nome tem alguma ligação com tradições africanas ou se a vovó é a última usuária daquele tênis vermelhinho. O que me chamou a atenção foi uma das especialidades esotéricas da senhora: "tarô na borra do café".

O que vem a ser isso? A mulher mergulha as cartas de tarô naquela porcaria que se acumula no fundo das xícaras de café Pelé? Ou ela coa o café numa meia velha, com todos os arcanos dentro? E como é que ela consegue ler as cartas depois?

De toda forma, se você um dia quiser saber da vovó o que o futuro lhe reserva, siga este conselho: jamais aceite o cafezinho que ela serve. A não ser que você aprecie café com gosto de (atenção, equipe de revisores do puragoiaba!) baralho.

4.6.02

WHO THE HELL IS MR. GUAVA?

Uma leitora curiosa me perguntou, por e-mail: "Quem é Ruy Goiaba?". Eu disse a ela, e repito aqui, que só podia responder como o genial Adílson Maguila Rodrigues. Houve uma vez em que um repórter, depois de um longo preâmbulo sobre a vida do boxeador, virou-se para ele e perguntou: "Afinal, quem é Maguila?". Resposta do nosso herói: "É eu, ué!"*.

Pois então? Ruy Goiaba é eu, ué. Se você quiser, dê uma olhada na autobiografia não-autorizada que fiz muitos posts atrás. Não há verdade alguma ali. Como dizia o velho Pôncio Pilatos -aquele que entrou de gaiato no Credo-, "quid veritas?".

* Vocês notaram que "é eu, ué" é quase um palíndromo? Sim, Maguila também é um poeta concreto, e dos melhores -seguramente, o único capaz de quebrar cinco poemas concretos com um só murro. Morra de inveja, Arnaldo Picaretunes.

3.6.02

O JUIZ ERA NOSSO

Além desse título, tenho só duas coisas a dizer sobre a selecinha: 1) Lúcio, Edmílson e Roque Júnior são uma mistura de bananada de goiaba com o puro creme do milho. 2) Pré-Scolari deveria ter convocado Leci Brandão em vez de seu clone, Ronaldinho Gaúcho. Aposto que ela está jogando melhor.

2.6.02

POR UMA SURRA DE SACO DE AREIA NO GIL

Zeit, eu acho que trocadalhos como esses criados pela imaginação fertilizante de Gilberto Gil deveriam ser incluídos no Código Penal, como crimes inafiançáveis. O pior é que o cara é reincidente: além de "Kaya n'Gandaya", ele já perpetrou "Quanta Gente Veio Ver" (referente aos "quanta", plural de "quantum" e nome de seu CD anterior) e "O Eterno Deus Mu Dança". Putaquepariu. Depois ainda vêm falar do "Ui-Wando Paixão".

Volto a dizer: precisamos ressuscitar as saudosas tradições do império, como a surra de saco de areia. Gil passou a ocupar o topo da minha lista de candidatos. Sim, também cometo trocadalhos, mas sou um bandido pé-de-chinelo; ele é um trocadilheiro de altíssima periculosidade, uma ameaça à ordem social.
STRAIGHT PRIDE

Como vocês sabem, Ruy Goiaba* é fruta, mas é espada -e, por isso, não se considera habilitado a participar da parada gay que acontece amanhã em São Paulo. Já pensei em promover uma "parada do orgulho heterossexual", mas acho que não daria (ooops) muito certo. Apareceriam, no máximo, uns cinco neguinhos. Os outros achariam que esse negócio de parada, com um monte de homem junto, só pode ser coisa de veado.

* Sorry: vontade irresistível de falar de mim na terceira pessoa, como Dadá Maravilha, o inventor do dadaísmo. Só falta parar no ar e fazer a "banguela convexa". Um dia eu chego lá.

1.6.02

POUCA-TELHA, UM PROBLEMA SOCIAL

Tanto a Folha quanto o Globo, nesta semana, trouxeram um excelente exemplo de burrice estatística. Ambos os jornais divulgaram, com certo estardalhaço, uma pesquisa feita pela Secretaria do Trabalho da Prefeitura de São Paulo, segundo a qual o Brasil está em "segundo lugar no ranking mundial do desemprego". Perde só para a Índia -em números absolutos.

Ora, vão tomar banho na soda. É óbvio que os países de maior população (Índia, China, EUA, Brasil) terão sempre o maior número absoluto de desempregados. Em números absolutos, também temos muito mais gente abonada que a Suíça: devemos comemorar nosso ingresso no Primeiro Mundo? Qualquer bom estudante de matemática no ensino médio sabe que a estatística só faz sentido comparando o número de desempregados com a população economicamente ativa de um país (e o desemprego no Brasil, por esse critério, já é alto). Mas os jornalistas dos autonomeados "maiores jornais do Brasil" não sabem fazer contas e engolem tudo o que o governo -no caso, petista- lhes passa.

Vou sugerir uma nova abordagem: "Pesquisa mostra que o Brasil é o segundo do mundo em número absoluto de carecas". Provaremos que o acordo com o FMI e oito anos de FHC fizeram com que muitos arrancassem os cabelos, produzindo milhões de "excluídos capilares". Mostraremos como o governo tenta se aproveitar dessa situação com seu candidato pouca-telha, José da Serra Elétrica. Por fim, faremos um quadro didático e detalhadíssimo ("para entender o careca"), com fotos ilustrativas de Telly Savalas, Esperidião Amin e do palhaço Carequinha.

SENE-SENE-SENE-SENE-SENEGAL

Rapaz, essa Copa já começou a despertar em mim as piores lembranças. Vocês se lembram da banda Reflexu's (assim mesmo, com um chiquérrimo apóstrofo), aquela instituição do axé pré-Carla Perez? É, aquela que dizia que Madagascar era a ilha, ilha do amor. Não consegui deixar de pensar em outra música deles -"diz, povão, Senegal região", verso tão complexo que eu jamais o entendi- quando vi os jogadores senegaleses fazendo aquela dancinha depois do gol contra a França. (Bom, vai ver que era uma espécie de cerimônia animista. Sei lá.)

Daqui a pouco jogam Irlanda x Camarões. Minha trilha sonora mental, claro, é "O Assassinato do Camarão", dos Originais do Samba, com eventuais intervenções do Mário Tupinambá (o "Bertoldo Brecha") gritando "camarão é a mãe!". Putz.